Notícias

Pressionado, COPOM anuncia redução tímida na taxa de juros

O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) anunciou, na última quarta-feira (02/08), a redução da taxa básica de juros de 13,75% para 13,25% ao ano. Ou seja, a SELIC teve queda de apenas 0,5%, permanecendo no patamar elevado de 13%. A tímida redução mantém  o Brasil no topo dos países com as maiores taxas de juros reais no mundo, como aponta o ranking do site MoneYou.

O anúncio vem após a contínua pressão sobre o órgão, que tem sido protagonizada por movimentos sindicais, sociais e populares, ao longo deste ano. A mobilização levou à queda do índice, que estava estagnado desde agosto de 2020. Contudo, a redução ainda está muito aquém do que permite a atual conjuntura econômica brasileira, assim como das necessidades da população.

Na verdade, a decisão do COPOM segue na contramão dos indicadores macroeconômicos do país. Afinal, com o processo de reconstrução nacional, após a derrota do projeto neoliberal, a economia também apresentou melhora. Basta reparar na queda da inflação, na valorização da moeda nacional e no aumento da produção interna. Além disso, o desemprego caiu para 8%, o menor índice nos últimos oito anos. Agora, um dos principais fatores que impedem um cenário ainda mais favorável é, justamente, a decisão neoliberal do BC de manter os juros nas alturas.

Ainda que tímida, a diminuição da SELIC vai reduzir em cerca de R$ 21 bilhões a dívida pública brasileira. Para se ter noção do montante, o valor equivale a quase o dobro do orçamento destinado, para este ano, para o programa “Minha Casa Minha Vida”. Lembrando que, apenas em junho deste ano, o setor público gastou R$ 40,7 bilhões com os juros da dívida, de acordo com relatório publicado, na semana passada, pelo próprio BC. Inclusive, o órgão estima que, a cada 1% a mais na SELIC, a dívida pública cresce R$ 42,6 bilhões.

Apenas no ano passado, o governo federal gastou R$ 1,879 trilhão para pagar os juros e amortizações da dívida pública, segundo o levantamento da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD). E mesmo assim, os números do Tesouro Nacional apontam que a dívida teve aumento de R$ 464 bilhões. Crescimento este que, como apontou a ACD, está ligado a alta da SELIC.

Dessa maneira, vemos a quem serve, de fato, a alta dos juros: rentistas lucram, enquanto a população paga a conta. Até porque, a atual presidência do BC ainda se vale da “autonomia”, legislada na gestão bolsonarista. O órgão segue, assim, fiel ao projeto econômico neoliberal, em evidente oposição ao projeto político escolhido nas urnas.

Neste momento, a redução da taxa SELIC deve servir de combustível para a manutenção da pressão sobre o Banco Central. Não faltam motivos para que movimentos sindicais, sociais e populares, assim como a população em geral, continuem a encampar a luta pela continuidade da redução dos juros, pela imediata retirada de Campos Neto da presidência do BC e pela democratização do Conselho de Administração dos Recursos Fiscais (CARF). A política monetária do Brasil precisa estar a serviço do país – e não dos interesses do mercado.