O panorama do primeiro turno das eleições
No dia 02 de outubro foi realizado o primeiro turno das eleições de 2022 no Brasil. Nesta oportunidade, em Minas Gerias, elegemos deputados estaduais, deputados federais, senador e governador. As eleições presidenciais foram para o segundo turno, com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, tendo 48,43% dos votos e o candidato Jair Bolsonaro, do PL, tendo 43,20% dos votos.
Para a eleição do Legislativo Estadual, foram eleitos 77 deputados. Destes, 52 foram reeleitos, totalizando 67,53% das vagas. Serão 24 partidos diferentes representados na casa. O PT é o que terá mais representações na casa, com 12 cadeiras. O PL teve 9 eleitos, mesmo número que o PSD. O PP fez 6 representantes, enquanto o PV elegeu 4 de seus candidatos. O partido Republicanos, Cidadania, Avante, PMN, PSC, União Brasil, Patriotas elegeram 3 representantes cada. O Novo, o PDT, o MDB e a Rede elegeram 2 candidatos cada, enquanto o PSB, o PROS, o PSDB, o Podemos, o PCdoB, o PSOL, o DC e o Solidariedade fizeram, respectivamente, um deputado estadual cada um deles.. No poder executivo estadual, Romeu Zema, do Novo, foi reeleito com 56,18% dos votos, contra 35,08% do segundo colocado, Alexandre Kalil, do PSD.
Já para a Câmara dos Deputados federal, foram eleitos 513 deputados. Do total, 287 foram reeleitos, o que totaliza 64,34% das vagas. As bancadas ficaram partidariamente, da seguinte maneira: PL com 99 representantes; os partidos compostos por PT/PCdoB/PV com 79 representantes; o União Brasil com 59; o PP com 47; o partido Republicanos com 42; o MDB com 42; o PSD com 42; os partidos compostos por PSDB/Cidadania com 18; o PDT com 17; o PSB com 14; os partidos PSOL/REDE com 14; o PODEMOS com 12; o Avante com 7; o PSC com 6; o Patriotas com 4; o Solidariedade com 4; o PROS com 3; o Novo com 3; e o PTB com 1 cadeira. O PL foi o partido que apresentou maior número de novos deputados, com 23 novos representantes em relação à 2018 e os que mais perderam foram o PP e a coligação PSDB/Cidadania, que perderam 11 cadeiras cada um.
Já para o Senado Federal, foram eleitos 27 senadores do total de 81 cadeiras da casa. Destes 27, apenas 4 são senadores reeleitos. Com o atual pleito, assim ficou a composição da Casa: o PL com 13 senadores; o União Brasil com 12; o PSD e o MDB com 10; o PT com 9; o PP com 7; o Podemos com 6; o PSDB com 4; o Republicanos com 3; o PDT com 2; e o PROS, PSC, PSB, Cidadania e Rede com 1 senador, respectivamente, cada partido. Como dito, ainda nos resta eleger o presidente do Brasil em votação em segundo turno.
O peso do Orçamento Secreto
Em termos federais, como fica explícito, as bancadas eleitas foram em muito puxadas pelos partidos dos dois candidatos, assim como pelas coligações partidárias que apoiam os dois candidatos ao poder executivo nacional. Porém, há uma diferença. Aqueles que foram eleitos pelo PL e outros que formaram a base governista nos últimos quatro anos, como PP e União Brasil, entre outros partidos, que tiveram suas campanhas em muito beneficiadas e infladas pelo Orçamento Secreto, que foi uma verba vultuosa cedida ao relator-geral do Orçamento de cada ano, escolhido dentre os apoiadores do atual Governo Federal, que repassava, sem nenhuma transparência, valores para Parlamentares da base aliada, em troca de “favores”, como votos em projetos do Governo Federal e apoios para eleição de governistas na presidência da Câmara e do Senado. Estes valores, ao que tudo indica, foram investidos pelos parlamentares em seu local de ascendência, em troca de apoio político de governadores e prefeitos para uma eventual reeleição.
Tudo é muito escuso e sombrio em relação de como é utilizado esta fatia do orçamento. Nos dados que possuímos até então, evidenciados pelo Estadão, o índice de governismo dos deputados que possuíram acesso ao orçamento secreto, ou seja, que tem votado em conjunto com o Governo Federal, é de 87,6%. Os expressivos números obtidos pela coligação composta pelo PT/PCdoB/PV, que aumentou o seu número de parlamentares em 11 cadeiras em relação à 2018, foi conquistado sem acesso à esta verba.
Ainda assim, as eleições da Câmara dos Deputados evidenciam um duro caminho a ser percorrido pelos progressistas nos próximos 4 anos. Os partidos situados no campo progressista do espectro político PT/PCdoB/PV; PSOL/REDE; PSB e PDT, que costumam votar em conjunto, irá reunir 124 representações das 513 cadeiras. No Senado, serão 13 das 81 cadeiras.
Os últimos quatro anos foram duros para a comunidade universitária em geral. Os consecutivos cortes no orçamento da Educação, Ciência e Tecnologia, tornaram difíceis a conjuntura para as Universidades Federais em um cenário de sobrevivência contra uma tentativa de morte por asfixia orçamentária, entre outros expedientes. O desrespeito do atual governo pela ciência e sua escolha por uma verdadeira necropolítica, carregada de obscurantismo, nos levou ao cenário de quase 700 mil mortos durante a pandemia de Covid-19. Em termos salariais, não houve nenhuma reposição nos vencimentos dos professores universitários da ativa e aposentados desde, no mínimo, 2016.
Em conjunto ao que já está dado com as representações eleitas no primeiro turno das eleições de 2022, nós, da gestão Travessias na Luta do APUBHUFMG+, convidamos todas nossas filiadas e todos nossos filiados à um profundo exame sobre o caminho que queremos percorrer nos próximos quatro anos para a ciência, as artes, as humanidades e o lugar da Universidade Pública, assim como para todos os setores fundamentais ao desenvolvimento social, cultural, ambiental, econômico com mais justiça no Brasil antes de que seja tomada uma decisão para o segundo turno das eleições que irão ocorrer no próximo dia 30 de outubro. Estamos em uma condição atípica, em que nossa luta é, literalmente, pela sobrevivência do nosso local de trabalho – a Universidade pública – e pela manutenção de nossas carreiras, em conjunto com a justa e necessária recomposição salarial, com nossos vencimentos em muito corroídos pela inflação e o projeto ultraneoliberal do atual governo.
Professora, professor: reflita bem no peso de seu voto para a eleição presidencial, que é a que nos resta em Minas Gerais. E, independente do resultado que se avizinha, esteja junto com nosso sindicato em nossas lutas em defesa da Universidade pública, gratuita, inclusiva e de qualidade social e científica e dos interesses de nossa categoria. É nossa luta coletiva, acima de qualquer aspiração individual, que irá ditar os rumos dos próximos anos: ou perder o pouco que nos resta, ou retomar os nossos direitos.