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Relatório da UNESCO expõe desigualdade de gênero nas áreas de ciência e pesquisa

Apenas uma mulher a cada quatro homens consegue emprego nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, na América Latina e no Caribe (ALC). Essa estimativa integra as conclusões do relatório “Uma equação desequilibrada: participação crescente de Mulheres em STEM na ALC (América Latina e Caribe)”, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com o British Council, entidade educacional e cultural do governo britânico. Leia o relatório na íntegra: https://cutt.ly/WG686zV

STEM é a sigla, em inglês, para Science, Technology, Engeneering, Mathematics – ou seja, ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O relatório demonstra que, apesar do crescimento da presença feminina nessas áreas na ALC, as mulheres ainda são minoria no que diz respeito ao ingresso e permanência nas áreas de ciências e pesquisas científicas. Do mesmo modo, elas também têm menos entrada no mercado de trabalho e ascensão na carreira.

E quais as razões levam a este cenário, de pouca representatividade feminina nas ciências? Para o British Council: “o sexismo na sociedade e, particularmente, no ensino superior, dificulta a progressão de mulheres estudantes em disciplinas STEM e afeta o acesso a cargos de chefia e liderança”. Nesse sentido, destacam-se as preconcepções de funções a serem desempenhadas por cada gênero.

É importante lembrar, ainda, que a disparidade salarial e de oportunidades, entre homens e mulheres, são reflexos da sociedade patriarcal, em que a parcela feminina da população lida com o machismo e o sexismo. Fatores esses que, inclusive, não se restringem às áreas de STEM. Além disso, o relatório aponta a dificuldade para que mulheres e meninas entrem nessas áreas, uma vez que carecem de incentivos pedagógicos e estatais. Aliado a isso, a condição feminina ainda é agravada por outros fatores socioeconômicos, como a persistência da pobreza.

O relatório também chama a atenção para o investimento, feito por governos dos países da América Latina e do Caribe, no estímulo ao ingresso de mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Realidade esta que difere do Brasil, em que o atual governo federal promove uma política de diminuição dos investimentos do Estado nas universidades e institutos federais de ensino, que são o principal produtor de pesquisa científica no país. Além disso, o governo Bolsonaro, a começar pelo presidente, demonstra, reiteradamente, a sua face machista, sexista e misógina. Características estas que, como demonstrou o estudo, estão na base da pouca participação feminina nas pesquisas e empregos de STEM.

Mulheres e meninas na Ciência

No Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, 11 de fevereiro, o APUBHUFMG+ colocou a presença feminina na carreira científica em debate com a professora emérita da UFMG Nilma Lino. Na opinião dela, “a presença da mulher na Universidade desvela as desigualdades de gênero no trato laboral da produção científica.(…)Desde a educação básica até o ensino superior as estruturas das Ciências se mostram mais abertas aos homens e aos meninos. E às pessoas brancas. Mulheres, negros e indígenas não ocupam lugares hegemônicos nas Ciências”, analisou a professora. Naquele dia, a professora foi agraciada com o 3º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” na área de Humanidades, concedido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Clique, no link a seguir, para ler a entrevista: https://bit.ly/3wi6oaT