APUBH iniciou os debates com a categoria sobre a articulação nacional do sindicato
“História do APUBH e os Desafios da vinculação nacional” foi o tema do encontro virtual. Assista ao vídeo, na integra, canal no sindicato.
O APUBH UFMG+ iniciou, na quinta-feira passada (01/07), o debate com a categoria sobre a articulação nacional do sindicato e a possível filiação a uma ou a nenhuma das duas entidades nacionais que representam a categoria, o ANDES-SN e o PROIFES-Federação. Neste primeiro encontro, o tema foi abordado a partir da discussão sobre a história da entidade. A atividade foi promovida por meio da Comissão de Articulação Nacional do APUBH, conforme proposta apresentada na Assembleia Geral Extraordinária, do dia 17/05.
O debate online “História do APUBH e os Desafios da vinculação nacional” foi transmitido ao vivo, por meio do canal do sindicato no Youtube. Assistia ao vídeo, na integra: https://youtu.be/SWe3VVB1Xt8
O debate contou com as falas de dois ex-dirigentes do APUBH, que integraram o sindicato em diferentes momentos de sua história. Esteve presente também uma mestre em Educação pela Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, que defendeu, em 2020, dissertação sobre a trajetória histórico-política do sindicato. A conversa foi conduzida pelos professores Carlos Henrique Rezende Falci, da Escola de Belas Artes (EBA/UFMG), e José Luiz Quadros de Magalhães, da Faculdade de Direito da UFMG. Os docentes integram a Diretoria Setorial Territórios em Movimento: Cultura, Qualidade de Vida e Direitos Humanos, da atual gestão do APUBH UFMG+.
A presidenta do APUBH UFMG+, professora Maria Rosaria Barbato, ressaltou que para enfrentar a conjuntura atual, que é extremante desfavorável às Universidades públicas, a luta não pode acontecer isoladamente, mas precisa ser de modo coletivo e em âmbito nacional. “O Sindicato é um ator responsável pela construção, manutenção e efetivação dos direitos dos trabalhadores. Portanto, o sindicato não pode abrir mão de direitos e precisa ter autonomia e ser independente de patrões e do Estado, precisa manter a capacidade de fazer as suas escolhas da forma mais oportuna para a categoria”, ponderou a professora Maria Rosaria.
Para nortear o debate sobre uma possível filiação a uma das entidades nacionais, a professora propôs à categoria refletir sobre “que sindicato queremos ser”. A docente lembrou que a proposta da atual gestão do APUBH, como descrito no programa da chapa, é tornar este um sindicato combativo. “Como nos tornaremos um sindicato combativo? Quais escolhas faremos? Quais aproximações teremos? Com quem iremos nos juntar? Com quem iremos lutar? Essa é a reflexão que, como sindicato, termos que fazer”, definiu a presidenta do APUBH UFMG+.
Fundação do APUBH e primeiras lutas
A primeira convidada a ter a palavra foi a professora Dirlene Marques, docente aposentada da FACE/UFMG. A professora participou da fundação do sindicato e assumiu a sua presidência, na gestão 1995/1997. A professora relembrou que o APUBH teve início em 1977, em meio à Ditadura Militar, à época como Associação dos Professores das Universidades de Belo Horizonte, representando a categoria docente da UFMG e da PUC Minas. Ela lembra que a associação foi criada a partir de uma assembleia docente, convocada em reação a denúncia a um caso político grave, que aconteceu naquele ano: um professor da PUC foi espancado e teve a casa invadida e pichada por integrantes do Comando de Caça aos Comunistas. Assim, a ex-presidenta do sindicato pontua que o APUBH “é fruto das lutas daquela época. Os anos 1970 foi um período de grande abolição social, um período de reorganização do movimento estudantil e do movimento sindical, onde existiam históricas e homéricas (lutas) contra a ditadura e por uma outra (organização) social”.
Em sua fala, Dirlene Marques fez um resgate histórico da atuação do sindicato no contexto político e social do país, ao longo desses anos, bem como a contextualização da necessidade deste movimento na conjuntura atual. Ela abordou o envolvimento da categoria docente da universidade nas entidades e movimentos nacionais, que sofreu grandes mudanças nesse tempo. A docente apontou a importância de que as entidades representativas reflitam as suas bases e a mobilização de suas categorias. No nosso caso, dos movimentos sociais, a ida para as ruas e praças vai mostrar a potência desse movimento e vai mostrar, para a sociedade, as suas lutas e reivindicações”, definiu. “Eu, pessoalmente, nas minhas lutas históricas e em toda essa militância de 60 anos, só acredito na Democracia se tiver esse tipo de participação. É só nas ruas, dessa forma, que, de fato, conseguimos mudar o mundo e mudar rumo a uma sociedade mais justa e fraterna”, reforçou a professora Dirlene Marques.
História recente e outras formas de enfrentamento
A palavra foi passada para o professor Giovane Azevedo, do Colégio Técnico (COLTEC) da UFMG. O docente integrou a direção do APUBH, em diferentes gestões entre 2004 e 2018, e, atualmente, faz parte do Conselho de Representantes do sindicato. Prosseguindo com o debate, o docente abordou a história recente do sindicato. O professor comentou os percalços enfrentados pelo APUBH, ao fazer parte e deixar de integrar cada uma das entidades nacionais. Giovane Azevedo relembrou a sua própria trajetória dentro do movimento e o trabalho do APUBH em causas pertinentes à categoria, bem como questões que vêm sendo enfrentadas, como o esvaziamento da participação da base em assembleias. Nesse sentido, o professor reforçou a importância de sensibilizar os colegas docentes para a participação no movimento sindical.
O professor citou, como exemplo, a mobilização coletiva da categoria para lutar por melhores condições de trabalho e remuneração e do ambiente das próprias universidades públicas. Ele refletiu sobre a necessidade de uma “concepção sindical mais ampla”. “Não podemos abrir mão do trabalho de base, das ruas e da pressão pela fala e pela faixa, mas também não podemos recusar as ferramentas de comunicação de hoje, que atingem e tem amplitude, e também a via política”, definiu. O membro do Conselho de Representantes destacou ainda a importância da atuação judicial do sindicato para lutar pelos direitos da categoria que representa.
Dissertação de mestrado abordou a trajetória do sindicato
O debate contou ainda com a exposição de Andressa de Araújo Moreira, mestre em Educação pela Faculdade de Educação (FaE) da UFMG. No ano passado, ela defendeu a dissertação “A sintonia entre o sindicalismo docente universitário de matriz gerencial e lobista e o paradigma da excelência: a experiência da UFMG (2003-2016)”, sob a orientação da professora Savana Diniz Gomes Melo. O trabalho abordou a trajetória histórico-política do APUBH. Confira a dissertação, através do link a seguir: https://cutt.ly/PmxYyS4
Andressa Moreira definiu o termo lobismo, utilizado na pesquisa,“no sentido de busca por diálogo e negociação, em lugar da combatividade ou da independência”. De acordo com ela, essa questão foi relacionada às discussões sobre sindicalismo, em meio às mudanças de conjuntura ocorridas nos anos 2000, podendo-se observar mudanças na atuação do APUBH. Ela também destacou os reflexos para a categoria de querer atender ao paradigma dos patamares de excelência de ensino e pesquisa da universidade.