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Coletivo de Educadoras e educadores da FAE/UFMG publica carta denúncia sobre a Escola do Campo

Malditas sejam todas as cercas!

Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar!

Malditas sejam todas as leis, amanhadas por umas poucas mãos, para ampararem cercas e

bois e fazerem da terra escrava e escravos os homens!

Pedro Casaldáliga, poeta do Araguaia (1928-2020)

 

Nunca as palavras de Dom Pedro Casaldáliga foram tão atuais quanto nessa semana em que vivemos a dor de sua perda!
Mas por que suas palavras se fazem tão atuais?

 

  • Porque assistimos, indignadas, uma ação truculenta da polícia militar de Minas Gerais, em cumprimento a essas malditas leis que, amanhadas por umas poucas mãos, amparam o latifúndio improdutivo, procurando fazer escravas as 450 famílias camponesas que produzem alimentos orgânicos e abastecem outras muitas famílias.
  • Porque assistimos, indignadas, o governador Romeu Zema nos enganar, dizendo que havia parado o despejo, enquanto a polícia militar com seus helicópteros, joga bomba sobre crianças, jovens e velhos e ele nada faz.
  • Porque assistimos, indignadas, os tratores destruírem a escola Eduardo Galeano, e massacrarem, com suas lâminas, uma história de luta pela garantia do direito à educação escolar das crianças, jovens e adultos da comunidade.
  • Porque assistimos, indignadas, o silêncio conivente da secretária de Educação, Julia Figueiredo Goytacaz Sant’Anna, como se a destruição de uma escola e a perda do direito à educação de crianças e jovens não tivessem a menor importância para a educação de Minas Gerais.
  • Porque assistimos, indignadas, em plena pandemia, 450 famílias serem jogadas na rua, sem lugar para se abrigar, sem condições mínimas de se proteger contra este vírus que já matou mais de 100.000 pessoas no Brasil.

Mas não vamos ficar somente indignadas! Não podemos ficar somente indignadas! Precisamos denunciar e insurgir contra estas malditas cercas, estas malditas leis, estas malditas mãos. Pois só assim viveremos a paz inquieta proposta por Dom Pedro, a paz que denuncia a paz dos cemitérios e a paz dos lucros fartos, a paz do pão da fome de justiça, a paz da liberdade conquistada, a paz que se faz “nossa” sem cercas nem fronteiras.
Cada uma e cada um, da forma que puder, espalhe essa denúncia, se mobilize para impedir e, principalmente, combata, com todas as forças, esse governo genocida que mata e destrói vidas! Resistiremos!

Coletivo de Educadoras e educadores da FAE/UFMG em luta por direitos