José Israel Vargas será homenageado pelo Departamento de Química
O Departamento de Química da UFMG homenageia duplamente, nesta quinta-feira, 11 de outubro, o professor emérito da UFMG José Israel Vargas. Ele será o primeiro pesquisador reconhecido pela medalha que leva seu próprio nome. A Medalha José Israel Vargas de Mérito em Pesquisa passa a ser outorgada anualmente a um cientista com especial contribuição ao desenvolvimento das ciências químicas no país.
Segundo o chefe do Departamento de Química, Rubén Darío Sinisterra, a iniciativa tem o intuito de “premiar nossos talentos vivos, valorizando a história como forma de indicar caminhos para o futuro”. Ele ressalta que Vargas é um exemplo para as novas gerações, um professor comprometido com o ensino, a pesquisa e a inovação de forma ampla.
“O olhar de José Israel Vargas para a química tem as dimensões local, regional e internacional. Aos 90 anos, ele ainda trabalha com inovação, e sua investigação é marcada por extrema profundidade e rigor”, afirma Sinisterra. O professor emérito, que foi ministro da Ciência e Tecnologia, vai ao Departamento de Química três dias por semana, sempre pela manhã, para orientação de atividades de iniciação científica.
A solenidade de entrega da medalha terá início às 15h, no auditório principal do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Exatas (CAD3), campus Pampulha, com a presença da reitora Sandra Goulart Almeida. Cunhada em ouro, a medalha tem 60mm de diâmetro e 3mm de espessura, e tem a efígie de José Israel Vargas.
‘Minha universidade’
Muitas vezes reconhecido, no Brasil e no exterior, José Israel Vargas diz que a medalha é o prêmio mais importante da sua carreira, “porque é o da minha Universidade”. Ele lembra que a UFMG e ele próprio recém-completaram 90 anos. “Temos uma vida paralela. Sou filho desta universidade. Tudo que fiz na vida tem como centro, eixo, foco e origem a UFMG”, afirma.
Na visão do professor, cujos vínculos com a UFMG remontam a 1948, sua principal contribuição para a ciência brasileira está relacionada ao estabelecimento de acordos internacionais de cooperação que beneficiaram inúmeras pesquisas.
Dono de vitalidade impressionante, José Israel Vargas é membro do Conselho de Ciência e Tecnologia da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e mantém atividade em salas de aula. “Costumo dizer que estou quase cego e quase surdo, mas ainda não estou mudo”, brinca.
Vargas foi ministro da Ciência e Tecnologia
Foca Lisboa / UFMG
O homenageado
Nascido em 9 de janeiro de 1928, em Paracatu (MG), José Israel Vargas é bacharel e licenciado em Química pela UFMG. Obteve o título de Philosophy Doctor em Química Nuclear na Universidade de Cambridge, Inglaterra, e iniciou sua carreira docente em 1948, como professor de Física da Faculdade de Filosofia da então UMG. Tornou-se professor emérito da UFMG em 1990. É também pesquisador emérito do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e acadêmico emérito da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Exerceu inúmeros cargos de administração pública, com atuação essencial para a implantação de políticas de âmbito nacional nas áreas de ciência, energia (incluindo energia nuclear e meio ambiente), planejamento energético e modelagem da difusão de tecnologia. Exerceu, entre outros cargos, os de presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), membro da Consultoria Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), presidente da Comissão de Política Ambiental (Copam) de Minas Gerais, membro do Comitê de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento, vinculado à Secretaria Geral da ONU, vice-presidente da ABCiências, presidente do Conselho Executivo da Unesco, presidente do Comitê Consultivo para Ciência e Tecnologia da Organização Internacional do Trabalho (OIT), assessor especial do ministro das Minas e Energia, membro da Comissão Nacional de Energia, ministro interino de Minas e Energia e ministro de Ciência e Tecnologia.
José Israel Vargas recebeu honrarias de entidades como a ABC e a Unesco e de governos como os de Argentina, China, França, Grã- Bretanha, Alemanha, Portugal e Senegal. Publicou dezenas de trabalhos científicos em revistas e em congressos, além do livro Ciências em tempo de crise (Editora UFMG, 2007).
O Departamento
Fundado em 1943, o Departamento de Química da UFMG conta com 108 professores, que produzem, em média, dois artigos de alcance internacional e 2,3 patentes por ano. Os cinco cursos de graduação reúnem 658 alunos, e a pós-graduação soma outros 280. A pesquisa se distribui por 70 laboratórios.
Os premiados com a Medalha José Israel Vargas serão indicados pela comunidade acadêmica e científica e escolhidos por comissão composta de três professores eméritos.
Fonte: UFMG.