Sociedade Brasileira de Infectologia se pronuncia sobre declaração de Bolsonaro a respeito de pessoas com HIV
Fonte: Sociedade Brasileira de Infectologia – SBI.
No último dia 05 de fevereiro do presente ano, durante entrevista coletiva na saída do Palácio do Planalto, em Brasília, o Excelentíssimo Senhor Jair Messias Bolsonaro, Presidente da República, foi questionado sobre a campanha comportamental lançada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em parceria com o Ministério da Saúde, objetivando reduzir altos índices de gravidez na adolescência no Brasil, adiando o início da vida sexual.
Na ocasião, após diversos questionamentos, Vossa Excelência fez o seguinte comentário: “Uma pessoa com HIV, além de ser um problema sério para ela, é uma despesa para todos aqui no Brasil”.
O país tem um dos melhores programas de HIV/aids do mundo. Sabemos que apenas o uso de preservativo não é a medida mais eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Por este motivo, foram associadas outras práticas, no que denominamos prevenção combinada, que consiste em: testagem regular para o HIV; prevenção da transmissão de mãe para o bebê durante a gravidez; tratamento das infecções sexualmente transmissíveis, incluindo as hepatites virais; imunização para as hepatites A e B; programas de redução de danos para usuários de álcool e outras substâncias; profilaxia pré-exposição (PrEP); profilaxia pós-exposição (PEP); e tratamento de pessoas que já vivem com HIV.
Além disto, o tratamento atual é eficaz e não interfere na expectativa de vida, se os medicamentos forem tomados corretamente. Também podemos afirmar que pessoas vivendo com HIV e que tenham carga viral indetectável não transmitirão o vírus por via sexual. Diz o Art. 196 da Constituição Federal: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Todas as doenças geram custos aos cofres públicos, não somente o HIV. Investir em prevenção com metodologia cientificamente comprovada custará muito menos ao país. É necessário ter muito cuidado com este tipo de afirmação para não aumentar a sorofobia (discriminação com as pessoas que são soropositivas), o que pode gerar mais sofrimento e violência para as pessoas que vivem com infecção pelo HIV/aids.
Campanha #EuNaoSouDespesa