Sandra Goulart: ‘retomada deve garantir qualidade de ensino e inclusão social’
Fonte: UFMG.
Reitora afirma que processo de retorno de atividades será gradual, com planejamento coletivo e respeito às orientações sanitárias
Com escuta à comunidade universitária para definição de estratégias e ações que serão adotadas em curto, médio e longo prazo – a depender da dinâmica da pandemia e em consonância com as orientações das autoridades sanitárias –, o planejamento para retomada das atividades acadêmicas interrompidas pela Covid-19 vai-se desenhando na UFMG com uma dupla preocupação: garantia da qualidade de ensino e inclusão social.
Todas as ações, discutidas com os órgãos colegiados e as instâncias máximas de decisão da Universidade, têm o signo da prudência e da responsabilidade, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que, na tarde desta quinta, 21, conversou remotamente com veículos de imprensa, entre eles a TV UFMG (assista ao vídeo abaixo).
“Há princípios dos quais a UFMG não prescinde. A Universidade é conhecida pela qualidade do seu ensino e pela preocupação com a inclusão. Por isso, a decisão para a retomada – quando as autoridades sanitárias disserem que for possível –, seja por atividades remotas, seja por atividades semipresenciais, precisa ser tomada com muita responsabilidade, sem prejuízo para os estudantes que têm alguma restrição de acesso a ambientes remotos e ferramentas digitais”, afirmou a reitora.
Idas e vindas
O cenário de progressão da doença ainda é incerto, mas especialistas e o poder público concordam que a recomendação para o distanciamento social vai se prolongar ao menos por todo o ano, ainda que entre idas e vindas, como exemplificam as aberturas seguidas de novas medidas de restrição em países como a China e a França, que nesta semana voltou a ordenar o fechamento de 70 escolas, menos de 15 dias depois da reabertura. “É um planejamento difícil porque nunca foi feito antes. A última vez que a humanidade enfrentou essa situação foi há 100 anos. Não há parâmetro a seguir”, comenta a dirigente. Dessa forma, a UFMG precisa encontrar meios de possibilitar o retorno de atividades acadêmicas, considerando um cenário que não voltará de imediato à normalidade conhecida até a emergência da pandemia.
Ao analisar a complexidade da decisão de retomar as atividades acadêmicas, particularmente as aulas presenciais, Sandra Goulart Almeida cita o exemplo dos países que estão meses à frente do Brasil em relação à evolução da doença. No Hemisfério Norte, universidades como Cambridge e Universidade do Estado da Califórnia já anunciaram que voltarão com suas atividades presenciais apenas em 2021. Escolas primárias na Coreia do Sul reduziram o número de alunos por turma, para garantir uma distância mínima de dois metros entre os estudantes. Na França, placas de acrílico separam as crianças em suas carteiras, e, no recreio, elas têm espaço demarcado no pátio da escola. Jogos coletivos são proibidos.
Realidades diferentes
“Em todos os países, as instituições de ensino são as últimas a retomarem suas atividades, porque a sala de aula é altamente favorável à transmissão do vírus. Não temos como pensar em aula presencial tal como iniciamos em 2 de março. A essa ‘normalidade’ como a conhecíamos, talvez não possamos voltar antes da vacina, e a melhor previsão de vacina para o Brasil, que pode surgir aqui mesmo dentro da UFMG, que tem uma das mais avançadas propostas no país, é para meados de 2021. Não podemos esperar até lá. Temos que nos preparar para um ‘novo normal'”, avalia a reitora.
A retomada das atividades presenciais vai exigir das instituições de ensino no país revisão das suas condições infraestruturais. Na UFMG, é possível que isso não se dê da mesma forma em todas as unidades acadêmicas. “A Universidade é muito diversa. A realidade de uma unidade como a Faculdade de Odontologia é muito diferente da vivida pela Fafich [Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas] ou pelo ICEx [Instituto de Ciências Exatas]. Estamos ouvindo os colegiados de graduação, os programas de pós-graduação, os centros de extensão, os núcleos de pesquisa, que são órgãos colegiados que reúnem estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes. Estamos ouvindo primeiro a comunidade para depois levar essas questões ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e ao Conselho Universitário, que são as instâncias de decisão”, informou a reitora.
Outra instância que também exercerá papel decisivo nesse processo é o Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento ao Novo Coronavírus da UFMG, que está trabalhando na definição de protocolos sanitários gerais para serem discutidos pelas unidades e ambientes administrativos e acadêmicos.