Reitores nomeados por Bolsonaro fazem pressão para volta presencial sem diretrizes para Covid-19
Cerca de 22 das 69 das universidades federais do Brasil atualmente são coordenadas por reitores e reitoras nomeados por Bolsonaro, desconsiderando os candidatos mais votados pela comunidade acadêmica.
Um número alarmante dessas universidades federais seguiu a orientação do Ministério da Educação (MEC) e resolveram retomar as atividades presenciais em 2022, mas sem considerar as medidas de prevenção à Covid-19 em espaços de aglomerações.
Alguns exemplos são a Universidade Federal do Ceará (UFC), que é gerida por Cândido Albuquerque, desde 2019, nomeado por Jair Bolsonaro. O reitor chegou a adotar um discurso contra a vacinação, que foi repudiado pela comunidade acadêmica. Outro caso é a Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde o reitor, Valter Joviano Santana Filho, foi indicado durante a pandemia, em descumprimento à lista tríplice. A UFS retomou as atividades ainda na modalidade híbrida em janeiro deste ano.
Reportagem do jornal Brasil de Fato-Pernambuco do dia 28 de fevereiro, cita que as aulas na Universidade Federal do Ceará devem voltar no mês de março. No texto, a estudante de Educação Física da UFC e vice-presidenta da União dos Estudantes do Ceará (UEE – CE), Thalita Vaz, se preocupa com a falta de planejamento da gestão para a volta às aulas. “Hoje gente vê um cenário de verdadeiro caos para ser feito quando a gente voltar, a gente não sabe como os RU’s [Restaurantes Universitários] vão funcionar, como será o retorno dos estudantes dos interiores, como vão funcionar os campi, etc”, aponta Thalita.
A retomada presencial das atividades nas universidades sem considerar as restrições e necessidades de adequação sanitária demandadas pela pandemia da Covid-19 é uma decisão, no mínimo, contraditória, uma vez que as orientações da ciência têm apontado para a importância de garantir ambientes seguros para circulação e permanência das pessoas em ambientes fechados, caso das salas de aula, bibliotecas e laboratórios. Receber o corpo acadêmico nos campi sem a proteção necessária, passaporte vacinal ou sem o fornecimento de máscaras, álcool em gel e salas de aula com o distanciamento adequado, é colocar docentes, discentes e funcionários em risco, podendo criar focos do vírus e espalhar rapidamente a doença no ambiente universitário.
Levantamento feito pelo Metrópoles, em janeiro de 2022, em contato com todas as universidades brasileiras mostra que 27 já decidiram cobrar a comprovação do passaporte vacinal; quatro universidades não vão exigir e 34 ainda não decidiram ou não retornaram o contato da reportagem. Algumas das universidades que cobrarão comprovação vacinal são a Universidade Federal de Brasília (UFB), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal da Grande Dourado (UFGD), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal de Roraima (UFRR).
Com informações do Brasil de Fato Pernambuco e Metrópoles