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Professora Sara Rojo (FALE-UFMG) lança “Um percurso pelas imagens de Neruda no Cinema e no Teatro”

Lançamento do livro “Um percurso pelas imagens de Neruda no cinema e no Teatro”, da professora Sara Rojo (FALE/UFMG) | Imagem: Divulgação.

 

No próximo dia 11/10 (segunda-feira) às 19h30, a professora Sara Rojo (FALE), faz o  lançamento do livro “Um percurso pelas imagens de Neruda no cinema e no Teatro”. A obra é resultado de seu pós-doutorado na Cinemateca Nacional de Chile (2019), e suas pesquisas sobre a construção das imagens de Pablo Neruda a partir de criações cinematográficas, teatrais, dramatúrgicas, documentais e do próprio legado do poeta. O livro tem apoio do PÓS-LIT (FALE-UFMG)/CAPES/PROEX.

Na introdução, a autora diz:

“A poesia de Neruda acompanhou minha adolescência durante a Unidade Popular, no período em que senti que podíamos mudar o mundo, e durante o período de resistência à ditadura, os anos mais duros para grande parte da população chilena. Esse passado me persegue e se corporifica nos presentes em que vivo; torna-se um exercício necessário. Sabemos que a arte, como expressão do desejo, é uma ferramenta poderosa. Refletir sobre as mil caras de Neruda produzidas pelo cinema, o teatro e ele mesmo se transformou num imperativo. (…) E a imagem de Neruda é o que me interessa como objeto de investigação neste estudo. Propus-me a refletir, por meio de quatro ensaios, sobre as representações imagéticas do escritor/símbolo (Pablo Neruda) no cinema e, em um quinto, fazer um retorno ao teatro. Assumo que a forma que utilizou cada um dos criadores envolve subjetividades e práticas específicas. Por isso, parto da hipótese de que a arte transborda, enquanto território de produção de subjetividade, os limites impostos e que deve ser pensada, conjuntamente, com a construção de imaginários”.

Trecho do Prólogo – por Mónica Villarroel Márquez (Diretora da Cineteca Nacional de Chile)

No início deste livro Sara Rojo nos diz que “A memória é um exercício necessário, um fazer político”. Os episódios históricos, a poesia e também a prosa de Neruda escorrem em nossas veias desde os tempos de romantismo e compromisso adolescentes, mas também se tingem de dor e tragédia com o Golpe de Estado que coincidiu, a poucos dias de ocorrido, com a morte do poeta; definitivamente, são parte de nossa memória. A dimensão literária, no caso de Neruda, transcendeu a outras disciplinas artísticas e se desloca para obras que foram inspiradas em episódios específicos de sua vida ou no personagem mesmo. A autora estabelece a ponte do poético ao cinematográfico e ao teatral, a partir de sua própria experiência e saberes, assumindo os desafios de propor novas leituras para produções cinematográficas recentes ou mais antigas, e para peças teatrais que ainda perduram em nosso imaginário, dando valor à criação em torno de Neruda, em um verdadeiro exercício de resgate patrimonial e composição de um novo relato. Se a memória coletiva se constrói a partir da vivência comum, a memória nacional é uma elaboração maior, que se aninha a partir da reflexão e se instala nos saberes que nos acompanham enquanto cidadãos. Um dos grandes aportes deste livro é que tem a virtude de transcender a memória individual e a coletiva e levar-nos, a partir da imagem e da palavra, a novas possibilidades de leituras sobre Neruda e novos relatos sobre a identidade chilena.

Trecho do Epílogo – por Marcos Alexandre (FALE-UFMG/CNPq)

O grande mérito do livro de Sara Rojo é trazer para o público brasileiro as várias “faces” do escritor e cidadão Pablo Neruda. Como já mencionei, o autor hoje é extremamente reconhecido nas Américas, mas a originalidade do livro de Rojo está no fato de como ela apresenta Neruda para o público brasileiro, como ela trata e nos apresenta as imagens do autor. Há que se considerar que público brasileiro, em sua grande maioria, não conhece – ou não tem acesso – as interrelações que o poeta estabeleceu com a arte. Geralmente, as publicações sobre Neruda versam sobre sua obra poética e, quando muito, sobre sua presença em obras cinematográficas como O carteiro e o poeta, que teve uma boa projeção em nível nacional. No entanto, o olhar crítico de Rojo cobre uma lacuna sobre o lugar que ocupa a imagem do autor não só no campo poético, mas na narrativa e, principalmente, na cinematografia latino-americana, bem como na dramaturgia e nos processos espetaculares.

Sobre a autora:

Sara Rojo possui graduação em Letras pela Pontificia Universidad Católica de Chile (1979), mestrado (Master of Arts) pela State University of New York (1989), mestrado (Magister en Letras Hispánicas) pela Pontificia Universidad Católica de Chile (1985) e doutorado em Literaturas Hispânicas pela State University of New York (1991). Realizou três pós-doutorados: na Università degli Studi di Bologna (2001), na Universidad de Chile (2007) e na Cineteca Nacional de Chile (2019). É bolsista de produtividade do CNPq, professora Titular da Universidade Federal de Minas Gerais.  Atua na área de Estudos Latino-Americanos com ênfase em Crítica e Direção Teatral. Possui numerosas publicações, entre elas: Teatro Latino-Americano em diálogo. Produção e visibilidade (2016) pela Editora Javali. Foi membro fundador dos coletivos ”Mayombe Grupo de Teatro” e “Mulheres Míticas”. Suas últimas direções teatrais são: Hilda Penha (Teatro-Vídeo), de Isidora Stevenson (2021), e A mulher porca, de Santiago Loza (2021), ambas realizadas pelo grupo “Mulheres Míticas”.

Sobre os convidados:

Marcos Alexandre é Professor Titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Possui graduação em Letras pela Faculdade de Letras – UFMG onde concluiu o mestrado (1998) e o doutorado (2004) em Estudos Literários, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários. Entre maio de 2008 e fevereiro de 2009, realizou a pesquisa de pós-doutorado intitulada Brasil e Cuba em diálogo: a cultura afrodescendente em cena, na Facultad de Artes Escénicas do Instituto Superior de Arte, em Havana, Cuba, e no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Como Visiting Research Scholar no Hemispheric Institute of Performance and Politics, na New York University, realizou a pesquisa de pós-doutorado Performances e Alteridades: perspectivas críticas (2017). Atualmente, é Coeditor da Aletria: Revista de Estudos Literários; coordenador do Centro de Estudos Africanos, órgão ligado à Diretoria de Relações Internacionais da UFMG; coordenador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade (NEIA); coordenador do Projeto de Extensão Literatura Afro-brasileira em Foco (PROEX – CENEX/FALE); e subcoordenador do Programa Letras e Textos em Ação (Programa de Extensão vinculado à PROEX e ao CENEX/FALE). Integra o Mayombe Grupo de Teatro, desde sua fundação, em 1995. É crítico do site Horizonte da Cena e desenvolve pesquisas sobre os seguintes temas: literaturas hispânicas, performances, rituais afro-brasileiros, teatro negro e teatro latino-americano.

Mónica Villarroel é Diretora da Cineteca Nacional de Chile. É Doutora em Estudos Latino-Americanos pela Universidade do Chile. Mestre em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil, e Jornalista pela Universidade do Chile. Pesquisadora especializada em cinema latino-americano e estudos culturais, é autora dos livros “Poder, nación y exclusión en el cine temprano”, “Chile-Brasil (1896-1933)”; “La voz de los cineastas: cine e identidad chilena en el umbral del milenio” e “Señales contra el olvido”.

Elena Cristina Palmero González é Professora Titular de Literaturas Hispanoamericanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do CNPq. Graduada em Filologia Hispânica pela Universidad Central de Las Villas (Cuba-1983). Tem doutorado em Ciências Filológicas pela Universidad Central de Las Villas (Cuba – 1997), estudos de pós-doutorado na Université Paris IV-Sorbonne (França, 2005-2007), na Universidade de São Paulo (Brasil, 2016) e um Estágio Sênior (CAPES) em Yale University (Estados Unidos, 2017). É Editora chefe da revista Alea, publicação do Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas da UFRJ. Membro do GT/ ANPOLL Relações Literárias Interamericanas e líder do grupo de pesquisa Estudos Literários Interamericanos e Transatlânticos (CNPq/UFRJ). Atua nas linhas de pesquisa da Literatura comparada e da História da Literatura, com ênfase na literatura cubana, latinoamericana e nas relações literárias interamericanas.

Sobre a editora JAVALI:

A Javali é a primeira editora de Belo Horizonte, e uma das únicas do país, que se dedica com afinco às publicações de teatro e, a partir de 2021, também a publicações relacionadas ao cinema – roteiro, memória e teoria. É responsável pela publicação de importantes títulos como: Dramaturgia de Belo Horizonte: primeira antologia (2017); Mulhers Míticas em performance (2020); Coleção Eid Ribeiro (2016), que apresenta a obra completa do dramaturgo e diretor; a biografia da atriz Teuda Bara: comunista demais para ser chacrete (2016); coletâneas com dramaturgias de Teatro Negro; Teatro de Rua; artistas de grande destaque na cena nacional como Grace Passô; Grupo Quatroloscinco; Cia. Hiato; Grupo Galpão; Marcio Abreu; entre outros. Recentemente publicou: Teatro Negro e Atitude no Tempo, de Evandro Nunes; Roteiro e diário de produção de um filme chamado Temporada, de André Novais Oliveira; Maurício Tizumba: caras e caretas de um teatro negro performativo (2021). Seus próximos lançamentos serão: Urgente!, da Cia. Luna Lunera; Trilogia teatral de Silvia Gomez; Dançando sobre o Abismo – trilogia teatral, de Germano Melo, entre outros!