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O que o caso de Vini Jr mostra sobre a estrutura do racismo?

No último domingo, dia 21 de maio, o jogador Vinicius Junior – Vini Jr – foi vítima de ofensas racistas durante a partida realizada pelo Campeonato Espanhol LaLiga. Neste dia, o atacante da seleção brasileira jogava pelo Real Madrid quando, no início do segundo tempo, torcedores do Valencia atiraram uma bola no campo para atrapalhar a partida. A interrupção fez com que o jogo fosse paralisado e esses torcedores passaram a gritar em castelhano a palavra “mono”, que significa macaco, em português. Na situação, Vini Jr reclamou com o árbitro e apontou para um torcedor específico. No entanto, nada foi feito no momento, tendo o locutor do estádio somente solicitado o fim da cantoria para que o jogo prosseguisse.

Após o crime sofrido por Vini Jr, uma paralisação de 10 minutos e o restante do segundo tempo, no qual nenhuma outra medida foi tomada. Concomitantemente, houve uma discussão entre o atacante e os jogadores do Valencia. Durante o conflito, o atleta adversário Hugo Duro executou um golpe mata-leão no brasileiro, que, ao se desvencilhar, acabou atingindo o rosto do outro jogador. A briga, a princípio, gerou um cartão amarelo para dois dos envolvidos, sendo um deles Vinicius Jr, porém, antes da retomada da partida, acontece a interferência do VAR – árbitro assistente de vídeo -, na qual o cartão amarelo é cancelado e trocado pela expulsão do brasileiro e a impunidade de Hugo Duro.

O caso sofrido pelo jogador negro de 22 anos não é o primeiro que acontece no campeonato do qual participa. Na verdade, este já é o 10º episódio de racismo que acomete o jogador, número que tem se intensificado desde 2021 e mostra o descaso das organizações envolvidas. O racismo que acomete Vini Jr não se restringe aos torcedores dos times, mas também à imprensa, associações esportivas e à própria LaLiga, no comando de Javier Tebas, apoiador da extrema-direita espanhola, e que trata com descaso as agressões sofridas pelo jogador.

As agressões que atingem Vini Jr em sua participação no futebol europeu são exemplos de como o racismo age, por meio de uma estrutura de poder que facilita a impunidade dos agressores e mantém as vítimas sem apoio. Esse cenário expressa a necessidade de combate a crimes de racismo, exigindo que trabalhemos para que negros e negras estejam presentes em todos os ambientes sem que sejam vítimas da discriminação, incluindo as Universidades.

Apesar de hoje contarmos com a Lei de Cotas, que garante maior entrada da população preta nas Universidades, ela ainda precisa ser aprimorada, atingindo, também, a pós-graduação. A ampliação da lei é somente uma das medidas necessárias para que o ensino seja efetivamente democratizado, levando pessoas pretas ao ensino superior. O racismo deve ser combatido em todas as instâncias, incluindo a área da educação, e essa deve ser a nossa luta constante, se prolongando por todos os meses do ano na cobrança pelo avanço da discussão da presença racial dentro da universidade.