Notícias

O dia do orgulho LGBTQIA+ e a representação sindical Democracia: Liberdade e direitos para todes o ano inteiro! *

No último dia 28 de junho, uma data importantíssima do calendário internacional da luta por direitos foi mais uma vez celebrada em diversos países ao redor do globo. O dia do orgulho LGBTQIAP+ é celebrado nesta data prestando homenagens a um dos episódios mais marcantes da defesa dos direitos do movimento: a Rebelião de Stonewall Inn. Em 1969, esta data marcou a revolta da comunidade LGBTQIAP+ contra uma série de invasões da polícia de Nova York aos bares frequentados por homossexuais na época, com registro de prisões e represálias por parte das autoridades.

O evento inaugurou uma nova perspectiva na defesa de direitos e na luta da comunidade LGBTQIA+ nos EUA na segunda metade do século XX, lançando as bases para ações organizadas que ganhariam o mundo nas décadas seguintes como as paradas do orgulho LGBTQIA+ que ocorrem anualmente nesta época de junho e representam um dos maiores eventos de afirmação e reinvindicação desta população. Neste contexto, no último dia 09 de julho, foi realizada na cidade de Belo Horizonte a 24º parada do orgulho LGBTQIAP+, reunindo cerca de 200 mil pessoas num evento que contou com cerca de 50 atrações no palco principal e 5 trios elétricos ao longo de todo o trajeto.

A importância de se ocupar espaços e dar a devida visibilidade que se busca com a parada têm, nos números da violência contra a população LGBTQIAP+, uma das suas principais razões para existir e resistir.  Conforme levantamento realizado a partir de consulta às bases de dados compartilhada entre três organizações representativas desta comunidade, no ano de 2022 ocorreram cerca de 273 mortes de pessoas LGBTQIAP+ no Brasi. Para além do número de óbitos registrados, a qual mantém alta a média dos últimos anos, outras formas de violência também são descritas no levantamento e, em nosso contexto sindical, destaca-se a baixa taxa de empregabilidade desta população em relação a população cis heterossexual.

Travestis e transexuais são as que mais sofrem com estas formas de violência. O estigma da identidade de gênero que não atende a norma cerceia as possibilidades de acesso à escolarização e ao mercado de trabalho formal, limitando as possibilidades de emprego e do exercício de direitos fundamentais. Em mapeamento realizado na cidade de São Paulo nos anos de 2019 e 2020, cerca de 90 % das mulheres trans e travestis entrevistadas declararam ter, como ocupações principais ou secundarias, atividades profissionais ligadas ao sexo (acompanhantes, profissionais do sexo ou garotas de programa).

A mesma pesquisa indicou que as atividades informais representam a principal fonte de renda para 62% das mulheres trans e 72% da população que se reconhece travesti (Mapeamento de pessoas trans na cidade de São Paulo, 2021). O preconceito e a invisibilidade por sua vez, concorrem para aprofundar  a distância ao direito fundamental do trabalho digno da população LGBTQIAP+.  No dia 28 de junho, a comunidade LGBTQIAP+ celebrou mais uma vez,  o orgulho de se poder ser quem é.  Por isso, para além dos eventos comemorativos no calendário é necessário que todos  assumam sua responsabilidade diante da construção de uma sociedade mais justa e plural, reconhecendo as identidades na diferença de janeiro a janeiro.

Encerramos este texto retomando a história de luta do APUBH para conclamar seus filiados e filiadas, trabalhadores da Educação, a se engajarem cotidianamente no repúdio às diversas formas de preconceito ou segregação a população LGBTQIAP+ que ainda existem e perpassam o mundo do trabalho. Assim como na parada do último dia 09 de julho, o chamado é para fazer atravessar em todas as pautas discutidas, o arco íris da cidadania irrestrita e da justiça social que sonhamos.

 

 

 

Referências:Rebelião de Stone Wall (Artigo). Wikipédia – A Enciclópedia livre.  https://pt.wikipedia.org/wiki/Rebeli%C3%A3o_de_Stonewall

Acesso em: 26/06/2023.

 

Dossiê 2022.Observatório de mortes e violências LGBTI+ no Brasil. https://observatoriomorteseviolenciaslgbtibrasil.org/dossie/mortes-lgbt-2022/

Acesso em 27/06/2023.

 

Mapeamento das pessoas trans no município de São Paulo (Relatório de pesquisa).   Centro de estudos de cultura contemporânea, 2021.

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/direitos_humanos/LGBT/AnexoB_Relatorio_Final_Mapeamento_Pessoas_Trans_Fase1.pdf

Acesso em: 27/06/2023

 

*Maurício Mathias – Psicólogo do Trabalho do APUBH, integrante do Núcleo de Acolhimento e Diálogo – NADI/APUBH.