Novo Ensino Médio em SP já apresenta prejuízo para estudantes da rede pública
São Paulo foi o primeiro estado brasileiro a implementar o novo modelo do Ensino Médio de forma massiva. A medida foi adotada durante a pandemia do novo Coronavírus, o que dificultou ainda mais a implementação e tornou a oferta ainda mais precarizada. A Rede Escola Pública e Universidade (REPU) lançou, em junho de 2022, uma nota técnica com o tema “Novo Ensino Médio e Indução de Desigualdades Escolares na Rede Estadual de São Paulo” onde analisa e expõe qual a realidade do novo Ensino Médio no estado e apresenta o nível de prejuízo que esse modelo tem trazido para os alunos.
Na prática, 1.327 escolas de Ensino Médio da rede estadual (35,9% do total) ofertam apenas dois itinerários formativos entre os dez possíveis para o 2º ano, o mínimo exigido pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEDUC-SP). Cada itinerário engloba uma série de matérias voltadas a um campo específico, como humanidades ou ciências exatas.
Como já falávamos aqui no APUBH na matéria “Mais um ataque à Educação: o Novo Enem” “O Novo Ensino Médio escancara o abismo entre os estudantes das escolas públicas (em especial as mais pobres) e os alunos das escolas particulares. Em muitas cidades não será possível oferecer todos os itinerários e em várias o ensino seguirá precarizado. Esse modelo de ensino empurra as populações mais pobres para os trabalhos técnicos e de nível médio, enquanto abre o caminho da Academia para as elites brasileiras.”
E tem sido exatamente o que acontece em São Paulo. Segundo dados do Censo Escolar 2020 (INEP), 334 dos 645 municípios do estado de São Paulo possuem apenas uma escola pública de Ensino Médio, o que dificulta o acesso às opções de itinerários oferecidos, enquanto alunos da rede privada possuem uma maior estrutura física e de professores, capaz de oferecer, talvez, todas as opções de eixos de formação.
O estudo recomenda que as instâncias de controle competentes acompanhem de perto a implementação do Novo Ensino Médio no estado de São Paulo, por conta do elevado risco de violação do direito à educação dos estudantes mais vulneráveis da rede estadual. E essa situação nos serve de exemplo, não podemos permitir o avanço do desmonte da Educação Pública .
Defender a Educação e os Estudantes é nossa prioridade. Por isso estaremos nas ruas no dia 09 de junho, junto a milhares de jovens e adultos, em todo o país, numa paralisação em defesa da Educação Pública e contra os cortes realizados pelo Governo. Saiba mais no site do APUBH: https://bit.ly/3Q4ydNc