Nota a favor da vida e da democracia
Fonte: PROIFES-Federação.
O Brasil vive uma situação de caos no âmbito da saúde. O impacto da COVID-19 é imenso, principalmente como consequência da atitude irresponsável do Presidente da República, que, desde o início da crise sanitária, minimizou o impacto da pandemia, incentivou aglomerações, relativizou o aumento progressivo de casos e ironizou de forma grosseira e desrespeitosa as dezenas de milhares de mortes de brasileiros e brasileiras atingidos pela doença.
Ao mesmo tempo, o governo Bolsonaro atua de forma consonante e igualmente criminosa no âmbito da economia. Assim, vêm sendo destinadas enormes quantias de recursos ao sistema financeiro, ao qual foi destinado mais de R$ 1 trilhão de reais, a título de desobrigação de depósitos compulsórios junto ao Banco Central. Enquanto isso, pouquíssimos recursos foram aportados aos trabalhadores autônomos, aos que perderam renda ou mesmo o seu emprego. Tampouco tem havido o fundamental apoio econômico às micro e pequenas empresas, agravando mais ainda a situação. O resultado é uma pressão crescente para o retorno às atividades, por conta principalmente dos grandes grupos empresariais e financeiros, que querem retomar seus lucros.
Como se isso tudo não bastasse, Presidente e atores próximos vem escalonando ameaças ao Estado Democrático de Direito. Há falas sobre ‘ruptura’; há ataques crescentes ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional; setores golpistas defendem abertamente o retorno da ditadura, em atos públicos que contam com a presença do principal mandatário do país.
Em decorrência dessa ação genocida e autoritária do governo federal cresce a revolta da população, em especial dos setores mais vulneráveis, em estado de progressiva penúria e sem ter como manter o isolamento social recomendado pelas autoridades sanitárias. O cenário de calamidade se completa com um extraordinário aumento da violência e letalidade policial durante a pandemia, de caráter inegavelmente racista, fazendo reverberar em nosso contexto o levante do povo americano por George Floyd, cuja morte aqui no Brasil provoca revolta junto com a do adolescente João Pedro e do pequeno Miguel. É contra esse estado de coisas que setores populares e progressistas se sentem compelidos à luta, pela própria sobrevivência.
Há todos os motivos, portanto, para que nos organizemos para lutar conjuntamente, contra essa situação caótica e intolerável. Nosso anseio é convocar manifestações maciças e ir às ruas, de modo organizado, exigir mudanças do rumo fratricida que este governo vem imprimindo ao país, mas há uma pandemia em curso e as aglomerações, como nos dizem os especialistas na área da saúde, são uma fonte de forte contaminação e de aumento expressivo do número de casos e de óbitos – o que incidiria mais tragicamente, inclusive, sobre os companheiros que venham a delas participar.
Entendemos, portanto, que o momento nos exige buscar alternativas de ação: manifestos, abaixo-assinados, iniciativas virtuais, em todas as mídias sociais ao nosso alcance. É preciso desencadear uma vigorosa campanha que, em contraposição aos desmandos do governo, defenda a democracia e a saúde, o que, neste momento, passa pela construção de condições para um futuro retorno – e, nesse sentido, é urgentíssimo, primeiro, destinar recursos a todos os que deles necessitem para o cumprimento das medidas sanitárias, permitindo a travessia, com dignidade, da atual crise sanitária e aproveitar o tempo de isolamento social para desenvolver a capacidade de testar maciçamente a população, rastrear os casos de covid-19 e seus contatos e confinar os doentes, gerando condições efetivas para a volta à ‘nova normalidade’. Tudo isso passa por uma diametral mudança no âmbito da economia.
Em defesa intransigente das causas dos que hoje se mobilizam contra o descalabro reinante! Em defesa do Estado Democrático de Direito, do acesso a recursos que garantam renda mínima para todos! Em defesa da saúde e da vida!