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Nikolas Ferreira na presidência da Comissão de Educação: sinal de problemas para o campo progressista do setor

Mesmo com a derrota do Bolsonaro, o neoliberalismo, o populismo e o conservadorismo continua a nos causar problemas. Afinal, o Congresso está composto, em sua maioria, por parlamentares conservadores. Basta ver o que aconteceu na semana passada, na eleição de 19 presidentes das 30 comissões permanentes da Câmara. A direita bolsonarista conseguiu a liderança de colegiados estratégicos, como a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e a Comissão de Educação.

A CCJ que, até então, era presidida pelo Rui Falcão (PT/SP), ficará sob o comando da deputada Caroline de Toni (PL/SC). Lembrando que essa deputada ocupava a vice-liderança do governo Bolsonaro e é conhecida por apoiar pautas da extrema direita. Vale recordar ainda,  que a deputada Caroline votou contra o projeto de lei para a igualdade salarial entre homens e mulheres. Quer dizer, uma mulher que vai contra os direitos das mulheres está, agora, à frente da Comissão de Justiça da Câmara.

Já no caso da Comissão de Educação, a presidência será ocupada pelo deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL/MG).  E nós conhecemos bem esse deputado. A eleição de Ferreira, notoriamente conhecido como uma das faces mais retrógradas e reacionárias da ultradireita no país, surpreendeu o povo brasileiro, especialmente, as forças democráticas que lutam por uma melhor qualidade social na educação em todos os níveis e buscam arduamente conseguir recursos e aprovar políticas públicas e investimentos que possam mitigar, principalmente, os efeitos da nefasta política educacional implementada pelo governo Bolsonaro.

Apesar do discurso de que “Estou comprometido em trabalhar com a Comissão para que a educação no Brasil seja um alicerce sólido para todos”, publicado em seu perfil no X (antigo Twitter), no dia 6 de março, nós não esquecemos dos seus ataques a setores da Educação, além de seu apoio ao golpismo bolsonarista. Sem contar a defesa do homeschooling no país.

E não faltam exemplos de falas agressivas, preconceituosas, golpistas e negacionistas deste deputado. Inclusive, ele já foi condenado pelo seu ato de transfobia contra a deputada Duda Salabert (PDT/MG). E, recentemente, ele estava junto com o governador Romeu Zema (Novo/MG) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos/MG) para anunciar que estudantes não precisam se vacinar para frequentar as aulas na rede pública de ensino de Minas.

Ou seja, o típico negacionismo científico que faz parte do discurso bolsonarista em ação. E esse é o parlamentar que estará à frente da Comissão de Educação. Diante dessa situação, os parlamentares, movimentos sociais, sindicatos e cidadãos comprometidos com a democracia já se articulam para barrar as pautas ligadas ao bolsonarismo nessa Comissão. Desde o dia 06 de março, pelo menos 2 abaixo-assinados, estão coletando assinaturas para barrar a permanência de Ferreira na presidência da Comissão: um abaixo assinado é do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – APEOESP e o outro da professora Sara Azevedo, ex-presidente do PSOL/MG.

E nós que lutamos em defesa da Educação – professoras, professores, técnico-administrativos, estudantes – também precisamos nos manter atentos e atuantes. O bolsonarismo está tentando nos passar uma rasteira, mas nós continuamos de pé e em luta pela Educação pública. Estamos firmes no compromisso do resgate democrático da nação. Estamos firmes na defesa permanente da Educação Pública da creche à pós-graduação, e também da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil.