Iniciativa da UFMG e Fiocruz reúne voluntários para fabricação de protetores faciais
Pessoas com impressoras 3D podem manifestar interesse em contribuir com produção, que ainda hoje terá primeira leva de montagem; dispositivos médicos serão entregues em hospitais públicos para auxílio no combate à pandemia de Covid-19
Na última segunda-feira, 23 de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução autorizando, de forma extraordinária e temporária, a fabricação de dispositivos médicos identificados como prioritários para uso em serviços de saúde, em virtude da pandemia de Covid-19. Isso significa que equipamentos de proteção individual como máscaras e protetores faciais poderão ser produzidos sem depender de exigências sanitárias administrativas por 180 dias. A partir disso, uma equipe da UFMG lançou uma chamada aberta a toda a população para unir pessoas com impressoras 3D interessadas em ajudar no processo de fabricação de protetores faciais. Ainda hoje, 25 de março, terá início o processo de montagem.
A iniciativa foi uma ideia da professora Liza Figueiredo Felicori, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG, que fez contato com outros docentes da instituição, grupos de Belo Horizonte e o pesquisador Rubens do Monte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para viabilizar a proposta. Segundo Heveline Silva, docente do Departamento de Química que se juntou à equipe e assumiu parte da coordenação gerencial, desde a chamada pública realizada ontem mais de 20 voluntários já se mobilizaram para participar do processo produtivo. A professora Daniele Aguiar do departamento de Farmacologia do ICB tem sido uma importante colaboradora, informa Heveline.
“Foi feita uma ampla divulgação na internet e redes sociais”, explica Heveline Silva. “A chamada foi aberta a qualquer pessoa que tenha uma impressora 3D instalada em seu respectivo espaço, seja em casa ou em um laboratório, para fabricar as partes do equipamento. É uma forma de estimular a participação de diversas pessoas, mas garantindo que tudo seja feito com atenção às medidas de isolamento propostas por especialistas como forma de combater o espalhamento do vírus”.
Assim, professores de instituições diversas, como Centro de Tecnologia de Nanomateriais e Grafeno (CT-Nano), Colégio Técnico da UFMG (Coltec) e Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas), além de profissionais liberais e alunos, deram início às fabricações individuais que serão enviadas para o processo de montagem, realizado no laboratório aberto Idea Real – UFMG e na Plumma3D Plataforma Unificada de Modelagem e Manufatura Aditiva da Fiocruz-Minas em Belo Horizonte.
Montagem e entrega
Contando com o patrocínio do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH), que forneceu recursos para a compra do material a ser disponibilizado pela equipe aos voluntários, inicialmente serão desenvolvidas 400 unidades de protetores faciais. Para outras etapas do processo produtivo, que será contínuo, o grupo buscará novos patrocínios.
Ainda hoje deverá ser montada a primeira leva de equipamentos, que será testada e aguardará as fabricações dos próximos dias antes de ser direcionada aos públicos finais. Os produtos serão entregues primeiramente a três hospitais públicos com os quais já foi estabelecido contato: Hospital das Clínicas (HC-UFMG), Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN-UFMG) e Hospital Eduardo de Menezes. “Vamos aguardar um número mínimo de equipamentos para otimizar a fase da entrega dos primeiros itens, que provavelmente ocorrerá nessa sexta-feira”, informa Heveline Silva.
Interessados em participar da iniciativa ainda podem se voluntariar, desde que tenham uma impressora 3D e estejam disponíveis para contribuir na parte da fabricação dos dispositivos. Os contatos para a manifestação de interesse são: (31) 99920-2772 e (31) 9 8696-6820.