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Guedes joga o povo contra servidores para justificar privatização do serviço público

Fonte: CUT.

Ministro diz que para ter estabilidade, servidor concursado tem de ser bem avaliado pelo cidadão. Dirigente do Condsef diz que proposta é absurda porque mais de 70% dos servidores não têm contato com o público

PAULO GUEDES E JAIR BOLSONARO SE ABRAÇAM APÓS ENTREGA DA PEC DO PACTO FEDERATIVO NO SENADO (FOTO: MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL)

O ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, anunciou que a estabilidade dos servidores públicos concursados será mantida de acordo com a avaliação que a população vai fazer do atendimento prestado por eles, além da avaliação de desempenho feita pelos gestores públicos. Esse é um dos itens da reforma Administrativa prevista para o próximo ano.

O ministro tenta induzir os brasileiros a acreditar que a piora na qualidade do serviço é culpa dos trabalhadores e não da falta de investimentos, congelados por 20 anos desde a aprovação da Emenda Constitucional 95. Os equipamentos de quem atende a população estão velhos e danificados e os servidores não têm condições de trabalho, disse recentemente ao PortalCUT o Coordenador-Geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Pernambuco – Sindsep-PE, José Carlos Oliveira.

“A pessoa que vai dar entrada no Seguro-Desemprego, por exemplo, espera por horas e quando chega a sua vez o servidor diz que não tem sistema, que a internet caiu, essa pessoa se revolta, não entende que o problema está na falta investimento. Só sabe que o serviço é ruim. Então, é melhor privatizar mesmo”, explica o dirigente para quem o plano do governo é privatizar tudo.

Todas as declarações do ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro são no sentido de continuar uma campanha desenfreada para que a população hostilize os servidores e considerem o serviço privado melhor, complementa o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.

“Ele sabe que a maioria dos servidores públicos que atende a população, que são os profissionais de saúde, os que trabalham em postos do INSS, do ministério do Trabalho, são servidores explorados, mal remunerados. Não dar para estarem sorridentes todos os dias”, desabafa.

Para Sérgio Ronaldo, a medida é mais uma prova de que Paulo Guedes entende muito de juros e de bancos, mas não entende nada da administração pública.

Segundo ele, de 70 a 73% dos servidores federais não têm nenhuma conexão direta com a população.  Trabalham em atividades chamadas “meios” e, portanto, a população nem sabe quem eles são e o que fazem.

O ministro da Economia pensa que a administração pública funciona como uma farmácia ou um pequeno supermercado, onde o “seo João” muda a forma como administra seu negócio na hora que bem entende, diz Sérgio Ronaldo.

“Paulo Guedes joga palavras ao vento para colocar a população contra os servidores. O que ele faz é constranger toda uma categoria que já passou por diversos governos e continua fazendo o seu trabalho porque entende que o seu verdadeiro patrão é o povo brasileiro”, afirma o secretário-geral do Condsef.

Audiência pública expõe pensamento do governo Bolsonaro

Sérgio Ronaldo conta que durante uma audiência pública realizada nesta terça-feira (10), na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, da Câmara Federal, que debatia a proposta de privatização da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o diretor de Programa da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, do Ministério da Economia, Idalício de Jesus Silva, declarou que “privatizar é cuidar dos recursos públicos”.

Para o dirigente da Condsef, foi a declaração mais esdrúxula que um representante de um governo poderia fazer.

“Esse depoimento demonstra de forma inequívoca que o governo Bolsonaro não entende nada da complexidade da administração pública. Ele quer simplesmente jogar a população contra os servidores para depois entregar o patrimônio público para a iniciativa privada”, concluiu o secretário-geral do Condsef.