Gastos e fraudes durante dois anos da gestão do governo Bolsonaro totalizam 2 bilhões de reais
Durante o período de fevereiro de 2020 a outubro de 2022 a ONG Transparência Brasil analisou mais de 248 contas e contratações de serviços fraudados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No ápice da pandemia de covid-19, os valores gastos nesses dois anos totalizam cerca de 2 bilhões de reais.
Uma das compras efetuadas pelo governo federal que chamaram a atenção ocorreu em abril de 2020. Trata-se de um contrato efetuado no valor de R$406 mil através do qual o Hospital Universitário de Brasília comprou 140 mil máscaras descartáveis na empresa QMIDIA COMUNICAÇÃO LTDA, que, porém, tem a função de instalar painéis publicitários. Ao longo da pandemia também houveram 2.912 contratos com empresas cadastradas no Cadastro de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS); 10 contratos com nove empresas abertas trinta dias (ou menos) antes da assinatura do contrato e 12.294 contratos com 296 empresas de faturamento ilegal. Especificamente a microempresa NSA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA que precisaria ter um faturamento anual de R$360 mil anual para estar nessa categoria. Porém, os contratos variavam de R$441 mil até R$7,5 milhões.
E a farra dos gastos ganhou um novo capítulo no final de 2022. No dia 30 de dezembro, nos últimos dias de seu mandato, Bolsonaro viajou para os EUA para não passar a faixa presidencial para o novo presidente eleito – Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a LAI (Lei de Acesso à Informação), do dia 28 de dezembro até o último dia de mandato (31), o ex-presidente gastou no cartão corporativo cerca de R$950 mil com despesas que inclui estadias, aluguel de carro, intérpretes, entre outras. Esse valor não insere os gastos de voo, uma vez que são realizados no avião da FAB (Força Aérea Brasileira). Quando procurados para falar a respeito dos gastos, nem o ex-presidente nem a Força Aérea quiseram se pronunciar.
Vale ressaltar que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o presidente do Brasil que menos cumpriu horários de expediente, chegando a trabalhar em média 4,8 horas por dia em 2019, diminuindo para 3,6 horas no último ano. O ex-presidente, mesmo com sua carga horária mínima, tirou inúmeras férias e folgas durante seu mandato com gastos equivalentes a cerca de R$4,3 milhões de reais no cartão corporativo. Cartão que também chegou a emprestar para seus filhos que, em uma noite, gastaram mais de R$60 mil reais. Bolsonaro também usou o dinheiro do governo para quitar dívidas com servidores do Palácio do Planalto e nas motociatas. A favor de seu mandato foram investidos mais de R$100 mil reais e em sua campanha eleitoral foram gastos aproximadamente R$697 mil reais – o valor ainda pode aumentar, visto que nem todas as notas fiscais vieram a público.
Nesta quarta-feira (15/02), a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados entrou com uma solicitação encaminhada ao Tribunal de Contas da União (TCN) para investigar os gastos astronômicos do ex-presidente Jair Bolsonaro no período de outubro a dezembro de 2022 no cartão corporativo. A solicitação foi aprovada. O pedido resulta de um levantamento feito pelo deputado Elias Vaz, que ressalta que durante o período de campanha eleitoral os valores gastos no cartão corporativo aumentaram em 108%. Essa é apenas a ponta do Iceberg. Foram quatro anos em que o dinheiro público esteve sem controle no desgoverno Bolsonaro. Agora esperamos que, com a LAI (Lei de Acesso à Informação) e ONGs como Transparência Brasil, os cidadãos possam ter acesso aos gastos, fraudes e desvios que o ex-presidente tentou ocultar com seu sigilo de 100 anos.