‘Future-se’ é principal alvo de estudantes em novos atos pela educação
Terceira edição do ‘Tsunami da Educação’ critica programa apresentado pelo MEC para a gestão de universidades e institutos federais
Nesta terça-feira 13, mais de 50 cidades contaram com manifestações em mais um dos chamados ‘tsunamis’ da educação, convocados pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e por demais movimentos sociais. Dessa vez, o programa Future-se, do Ministério da Educação (MEC), foi o grande alvo das críticas, que diziam sobre uma possível mercantilização das universidades e institutos federais públicos.
Os atos ocorreram em todas as regiões do País, concentrando pessoas em locais chave como na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, Candelária, no Rio de Janeiro, e Avenida Paulista, em São Paulo. Esta é a terceira vez em 2019 que as manifestações pela educação acontecem nacionalmente. Não foram divulgados números oficiais sobre quantas pessoas compareceram aos protestos. A UNE, no entanto, cita 1,5 milhão de pessoas.
Entendendo o Future-se
O Future-se, apresentado pelo ministro da Educação Abraham Weintraub em julho, é uma proposta-modelo de reestruturação do financiamento de universidades e institutos federais a partir do alinhamento a modelos de negócios e capital privados.
De acordo com o MEC, é um projeto que visa “dar autonomia na gestão das universidades e institutos federais”, mas especialistas temem que uma possível não adesão das faculdades ao programa, já que a entrada é voluntária, possa minar recursos já escassos provenientes do Estado.
Um sistema de consulta pública do Future-se, elaborado pelo MEC, permite acompanhar e participar da elaboração do programa e tem prazo final no próximo dia 15 de agosto. Já existem 10.945 comentários. Segundo o Ministério, as contribuições serão ‘consolidadas’ para ‘aperfeiçoar as propostas normativas do programa’.
Para Renata Gonçalves, professora do campus da Baixada Santista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e integrante da Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp), a proposta fere a autonomia universitária em gerir os próprios recursos e retira o sentido da pesquisa, ensino e extensão.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi professor da Unifesp e é um dos idealizadores do Future-se. Questionada sobre essa linha comum, Gonçalves defende o que teme que se esvair com uma futura privatização do ensino, que teme acontecer depois do Future-se. “É importante a gente não perder de vista que a universidade é um espaço plural, e é justamente essa pluralidade que a gente gostaria de defender”, diz.