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Fake news, a desonestidade como ferramenta política da extrema direita

Recentemente, tivemos um exemplo concreto da maneira como a extrema direita usa a desinformação como ferramenta política. As fake news sobre o Pix demonstraram como a desinformação pode servir para a corrosão da Democracia, enquanto uma tática desonesta para influenciar a opinião pública. Algo que se torna ainda mais grave quando, entre seus principais articuladores, está um parlamentar eleito democraticamente. E tudo isso ocorre com a conivência dos bilionários das big techs, que possuem interesses políticos e financeiros na circulação desse tipo de conteúdo. 

Com o intuito de fortalecer o combate à sonegação de impostos, o governo federal propôs que a Receita Federal fosse notificada sobre transações de alto valor no PIX. Ou seja, uma medida apropriada para o país. A verdadeira finalidade da medida, contudo, foi deturpada, sendo alvo de uma manobra desonesta contra a presidência.  Nas redes sociais, circulou a mentira de que o governo planejava taxar o PIX. Após o desgaste causado pela campanha de desinformação, o governo voltou atrás na medida que, realmente, planejava implementar.

Tal movimentação elucida a forma com que certas pautas têm apelo popular e que precisam ser disputadas. Falar do PIX é tocar diretamente no bolso do povo brasileiro, temos o desafio de disputar também as pautas que realmente impactam no debate financeiro, como a taxação das grandes fortunas, por exemplo.

Parlamentares de extrema direita festejaram o recuo do governo. A população, porém, não tem motivos para comemorar. Afinal, a medida traria benefícios fiscais para o país. Além do que, a fake news causou prejuízos imediatos para consumidores, assim como favoreceu a aplicação de golpes. Assim, percebemos como esses parlamentares visam os seus próprios interesses político-partidários, deixando a população de lado.

Essa situação escancara a necessidade de ações concretas e específicas, por parte do Estado, para conter e combater a veiculação de desinformação nas redes sociais.  Algo fundamental no sentido de resguardar os direitos da população, assim como a defesa da própria Democracia. Ao propor a regulação das mídias, reforçamos que o ambiente virtual não é uma “terra sem lei”, onde a legislação brasileira não se aplica. Do mesmo modo, interesses políticos e econômicos não podem se sobrepor à Constituição e à soberania nacional.

Em tempo, também precisamos levar em consideração as dificuldades do governo para se comunicar com a população. A falta de um diálogo efetivo para com todas as camadas do país abre brechas, que a oposição sabe usar – inclusive, de maneira desonesta. E para piorar, o governo também apresentou falhas nas ações contra essa campanha de desinformação. Inclusive, é preocupante o fato de que, mesmo com todos os exemplos de táticas usadas pelo bolsonarismo, a gestão federal não tenha planos de contingência para lidar com situações como essa.

Diante desse cenário, fica evidente como a difusão de desinformação não deve ser entendida como “liberdade de expressão”. Essa prática, na verdade, causa prejuízos à população, assim como à própria construção da Democracia.

Cabe lembrar, inclusive, a recente decisão da dona do Instagram e do Facebook, a empresa de tecnologia Meta, de encerrar o programa de verificação de fatos em suas plataformas. As alterações foram encaradas como um retrocesso, que abre espaço para a circulação de fake news e discursos de ódio, assim como um aceno político ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Não por acaso, o dono da Meta, assim como outros figurões de big techs, marcaram presença na posse desse político de extrema direita. 

Não devemos desconsiderar, portanto, a força das fake news como ferramenta política da extrema direita. Os bilionários, por trás das redes sociais e da mídia burguesa, possuem seus próprios interesses políticos e financeiros, que não contemplam a classe trabalhadora. Rompendo com a suposta neutralidade das redes sociais e veículos de mídia e informação como um todo. Nesse sentido, a implementação de leis específicas, assim como o processo de desmentir as fakes news, possuem papel decisivo.

A atuação do campo progressista e democrático, porém, não pode se limitar ao campo judicial, abrindo mão do debate político junto à população. Da mesma forma, o diálogo com a sociedade não pode se restringir a desmentir as fake news. Dito de outra forma, atuar de maneira meramente reativa significa estar sempre um passo atrás da extrema direita, perdendo espaço na disputa política no país.

Então, qual deveria ser a nossa estratégia frente a esse cenário? Em nosso entendimento, o campo progressista e democrático precisa disputar a pauta do debate político no Brasil, buscando chegar aos corações e às mentes da sociedade. Como já afirmamos em outra oportunidade, a comunicação sindical e popular possui papel estratégico, como ferramenta de interação, debate e difusão de mensagens.

O investimento nesse ramo e a construção de uma comunicação popular e posicionada, pode contribuir em nosso trabalho de base, na tarefa de reunir, informar, organizar e mobilizar as forças da classe trabalhadora. Algo decisivo para que, na posição de organizações sindicais e populares, que a partir da nossa práxis, possamos construir forças para disputar a agenda política do Brasil.