Desinvestimento, pandemia e eadização da Educação
De acordo com dados do Mapa de Ensino Superior no Brasil – 13ª Edição, do Instituto SEMESP, divulgado no último mês de junho, enquanto as matrículas de alunos em cursos presenciais diminuíram em 9,4% em relação às matrículas em 2020 e mais 5,5% em 2021, nos cursos EaD houve um salto de 26,8% das matrículas em 2020, mais o aumento de 19,7% em 2021. O Mapa também explicitou que a rede privada é responsável por 63,8% das matrículas nos cursos presenciais e de 95,4% das matrículas na modalidade Educação à Distância (EaD).
Pode-se imaginar que a tendência seja inerentemente ligada apenas a pandemia de Covid-19 e as dificuldades inerentes a realização das aulas presenciais. Mas não: o Mapa evidencia que entre 2015 e 2021, o aumento na modalidade EaD, que é representada majoritariamente pela rede privada, foi de 167%.
Não é coincidência. Em 2015 inicia-se uma série histórica de desinvestimento criminoso em educação pública em nível superior, que foi acentuada após o golpe de Estado sofrido por Dilma Rousseff em 2016 e chegou a uma situação dramática após o desgoverno de Jair Bolsonaro (2018-2022). A perspectiva é de se precarizar para privatizar. Isto fica evidenciado com o salto de matrículas na modalidade EaD, em que as Instituições não tem gastos com infraestrutura física, bem como sua manutenção, é a que mais proporciona lucros à iniciativa privada.
Certos elementos de extrema importância, como a socialização em ambiente escolar e troca de experiências e interação entre docentes e discentes, são mais acentuados na modalidade presencial. Para reverter este quadro é necessário a reposição do orçamento da Educação pública, gratuita e de qualidade social, bem como a ampliação de vagas nas universidades públicas. Educação não é mercadoria!