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Com a “cara do governo”, ENEM acontece neste fim de semana e indica ser a prova mais conservadora da história

Cerca de uma semana depois da demissão em massa dos servidores do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável pela elaboração e aplicação do ENEM e do ENADE, Bolsonaro confirmou a intervenção do governo na prova. Quando foi questionado por jornalistas, durante sua viagem a Dubai, sobre os ocorridos, Bolsonaro disse que a prova “começaria a ter cara do governo”, numa reafirmação da interferência política na preparação da prova.

As reclamações de Bolsonaro sobre as questões do ENEM vêm de antes das eleições e sempre vieram acompanhadas de ameaças de censura. Agora vemos um aparelhamento do Ministério da Educação e, por consequência, podemos ter a prova mais conservadora da história do exame.

O ENEM não pode ser utilizado como ferramenta política. O exame é uma política de Estado e cumpre uma função social essencial na sociedade. Foi através dele que milhares de estudantes de baixa renda, negros e negras, indígenas e quilombolas tiveram acesso ao ensino superior, em especial às universidades públicas. Quando questões são censuradas, histórias são alteradas e informações são “maquiadas”, colocamos em risco todo o futuro da formação acadêmica do país.

A primeira parte do ENEM acontece neste fim de semana, no domingo (21/11), e observamos com cautela a aplicação e conteúdo da prova. É necessário à comunidade acadêmica e escolar estarem atentas para garantir uma educação pública de qualidade.