Notícias

Bolsonaro nomeia candidato menos votado como reitor e causa indignação na UFC

Entidades de docentes, servidores e estudantes realizaram ato na noite da última terça-feira (20)

A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) na última segunda-feira (19) / Foto: Davi Pinheiro

Na última segunda-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nomeou como novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC) o advogado e professor Cândido Albuquerque, o menos votado na consulta pública. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Em protesto,o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Ceará (Sintufce) e o movimento estudantil realizaram na noite da última terça (20) o ato “Autonomia, democracia e direitos na UFC: por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e democrática”. A manifestação ocorrerá no cruzamento da Av. da Universidade com 13 de maio.

“Recebemos a notícia da escolha do novo reitor com muita indignação. A escolha não surpreende devido às atitudes autoritárias do governo. Sabíamos que isso seria possível, mas recebemos a notícia com muita revolta. A escolha do novo reitor é uma tentativa de imposição de seus novos projetos como o ‘Future-se’. Não há abertura para diálogo e, com isso, percebe uma medida autoritária por parte do governo. A universidade não é pra gerar lucro, é para formar pessoas. Essa escolha prejudica a nossa instituição”, afirma a vice-presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc-Sindicato), Irenísia Oliveira.

De acordo com ela, a escolha feita por Bolsonaro fere a democracia universitária, já que Albuquerque foi o menos votado nos três segmentos que elegem o reitor: estudantes, professores e técnicos administrativos. “Nosso posicionamento é totalmente contra a essa escolha. O candidato escolhido pelo presidente foi o menos votado, ele teve um percentual muito pequeno. A sua escolha não tem legitimidade. Nós defendemos a democracia universitária e os três segmentos escolheram Custódio Almeida, e com ampla maioria dos votos. Não tem outra alternativa a não ser o reconhecimento dessa escolha”.

Para Natália Aguiar, estudante da UFC, diretora de universidades públicas da União Nacional dos Estudante (UNE) e do Levante Popular da Juventude, a escolha do novo reitor fere da democracia e a decisão de comunidade acadêmica. “Estamos vivendo tempos de ataque a autonomia universitária e retrocessos como o programa ‘Future-se’ do governo Bolsonaro. A decisão da comunidade acadêmica não foi respeitada e entendemos que o papel que o Cândido Albuquerque exercerá nos próximos quatro anos será de um interventor do governo federal em nossa universidade.”

Natália afirma que a nomeação de Cândido pode significar uma administração alinhada com o sucateamento do ensino público, a desvalorização da pesquisa e da extensão e, sobretudo, conivente com ações antidemocráticas nas IES, que tem sido feitas pelo presidente Bolsonaro e o ministro Abraham Weintraub, “essa já é a segunda vez que o Bolsonaro interfere na autonomia das universidades do Ceará, primeiro na Unilab ao vetar um edital de seleção de candidatos trans e intersexuais e agora na UFC ao nomear um interventor.”, conclui a estudante.

Este ano, a UFC foi incluída mais uma vez na lista das melhores universidades do mundo pela analista global de educação, Quacquarelli Symonds (QS), que incluiu a universidade entre as 1.000 principais instituições de ensino superior dos cinco continentes. No ranking, a UFC aparece na 57ª posição entre todas as universidades da América Latina. No grupo dos BRICS (Formado pelos países em desenvolvimento: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), fica em 151ª lugar. Nacionalmente, ocupa a 19ª colocação, sendo a segunda melhor posicionada do Norte e Nordeste, atrás apenas da Universidade Federal da Bahia.

Edição: Monyse Ravena

Fonte: Brasil de Fato.