Bolsonarismo levou ao aumento da devastação e do contrabando na Amazônia, aponta pesquisa científica
“Bolsonaro representa um período sem lei para a Amazônia” define Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A pesquisadora liderou um estudo científico, em parceria com mais de 20 pesquisadores de outras universidade e institutos, sobre as consequências devastadoras daquele governo para o bioma. Na semana passada, os dados foram trazidos à tona, com a publicação da pesquisa científica na revista Nature.
De acordo com a análise, a fragilização na aplicação da legislação específica, ao longo do mandato bolsonarista, contribuiu para o aumento do desmatamento, das queimadas e da degradação das florestas. E como consequência, as áreas apresentaram um crescimento preocupante nos níveis de emissões de carbono, assim como aumentaram o aquecimento e a seca.
Para se ter noção do problema, a pesquisa aponta que, apenas nos dois primeiros anos daquela gestão, as emissões de carbono mais do que dobraram na Amazônia brasileira. O aumento foi de cerca de 89%, em 2019, e 122%, em 2020. O estudo demonstrou, ainda, o aumento de 80% no desmatamento e de 42% nas áreas queimadas. E enquanto a floresta era devastada, o agronegócio se expandiu no bioma, com o rebanho bovino tendo aumento em 13%. Já as áreas plantadas de soja cresceram 68%, e as de milho 58%. Além disso, a exportação de madeira bruta teve um crescimento espantoso: 693%.
Não causou espanto, portanto, o fato de Ricardo Salles (PL-SP), que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, tenha virado réu em uma investigação que apura o contrabando de madeira ilegal. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Salles “proporcionou condições favoráveis para a representação de interesses privados em detrimento do interesse público pela nomeação de servidores, que não possuíam capacidade técnica para ocupar cargos estratégicos do Ibama relacionado à fiscalização”.
Na última segunda-feira (28/08), a denúncia foi aceita pela 4ª Vara Federal Criminal do Pará. Atualmente, o ex-ministro ocupa uma cadeira na Câmara dos Deputados. Apesar disso, a Justiça do Pará destaca que, nesse processo, o foro privilegiado deve valer para o parlamentar, uma vez que o processo não diz respeito ao seu mandato atual.
A devastação ambiental é apenas uma das consequências do avanço predatório do neoliberalismo sobre o país, perpetrado pelo governo Bolsonaro. E mesmo com a sua derrota, sabe-se que a maioria dos parlamentares, na atual composição do Congresso Nacional, são adeptos àquela cartilha econômica, algo que tem ficado escancarado nas discussões de medidas referentes à preservação do meio ambiente. Esse cenário reforça que devemos continuar atentos e atuantes para combater com a Educação, o projeto neoliberal de destruição do Brasil.