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A violência política de gênero para tentar calar deputadas progressistas

Na semana passada, o APUBHUFMG+ repercutiu os dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), segundo os quais quase 90% da população mundial, independentemente de gênero, tem algum tipo de preconceito contra mulheres. De acordo com a mesma pesquisa, aqui no Brasil, o percentual chega a 84,5%. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o sexismo está na base dos atos de violência física e psicológica perpetrados contra a população feminina.

A violência de gênero pode ser observada, até mesmo, nos espaços de poder. Atualmente, a Câmara dos Deputados possui uma baixa representação feminina, com apenas 18% das cadeiras sendo ocupadas por mulheres. O percentual, no entanto, contrasta com o alto índice de processos no Conselho de Ética que pedem a cassação do mandato de mulheres parlamentares, que chega a 63%.

Só neste mês, o deputado Arthur Lira (PP-AL), que preside a Casa, aceitou seis pedidos contra deputadas progressistas. Estes foram aceitos poucos dias a ser protocolado pelo Partido Liberal (PL), algo bem diferente do que tem ocorrido com os pedidos de cassação do mandato de parlamentares homens, que embora sejam mais antigos, continuam parados na Mesa Diretora.

As deputadas em questão foram questionadas por suas críticas a parlamentares que apoiam o Projeto de Lei (PL) 490, referente ao chamado marco temporal. Duas delas, inclusive, já respondem no Conselho de Ética por críticas feitas a parlamentares do PL. Não por acaso, a representação veio do partido do ex-presidente Bolsonaro, alvo de denúncias de órgãos internacionais por crimes contra as populações indígenas, além de possuir um histórico de machismo e misógina.

Mais uma vez, partidos conservadores tentam silenciar as pautas progressistas no Congresso Nacional. Neste episódio, entretanto, também podemos observar como a violência política de gênero se manifesta entre parlamentares. Como afirmou Michelle Fernandez, professora e pesquisadora do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (Ipol/UnB), em fala veiculada pelo Brasil de Fato: “me parece um caso de violência de gênero sim, com o claro intuito de desestimular a participação de mulheres nas esferas de poder”.

Apesar da derrota da extrema-direita no pleito para presidente no governo federal, a maior parte dos congressistas possui viés conservador. Algo que salta aos olhos no próprio deputado que, hoje, preside, a Câmara. Assim, temos acompanhado como essa ala de políticos se esforça para aprovar pautas de interesse do agronegócio, das igrejas. Da mesma forma, fica evidente a maneira como a violência política de gênero tem sido usada para tentar silenciar o debate democrático no Congresso.

Assim, é preciso que reforcemos a nossa resistência contra o avanço da extrema-direita no Brasil, a começar por sua influência sobre o Congresso.  Em todos os espaços, deve continuar a mobilização contra a misoginia, o machismo e todas as formas de discriminação e desigualdades. Não vão silenciar as mulheres!