A cada 10 brasileiros, 8 consideram o Brasil um país racista, revela pesquisa
Mais da metade da população da população brasileira (56%) se declara negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, pretos e pardos continuam a enfrentar o preconceito étnico-racial. E essa realidade não passa despercebida. Um total de 81% da população considera o Brasil um país racista, de acordo com pesquisa publicada na semana passada. O levantamento apontou, ainda, que mais da metade das pessoas entrevistas (51%) já presenciou alguma situação de racismo.
As conclusões constam na pesquisa inédita “Percepções sobre o racismo no Brasil”, promovida pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC) a pedido do Instituto de Referência Negra Peregum e do Projeto Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista (SETA). Acesse os dados na íntegra: http://www.percepcaosobreracismo.org.br
O alto número de pessoas a atestarem o racismo no Brasil, no entanto, contrasta com o percentual de pessoas que admitem ter atitudes ou práticas racistas: apenas 11%. Da mesma forma, os números também são baixos entre aqueles que consideram racistas as instituições em que trabalham (10%) e estudam (13%), bem como entre aqueles que consideram as próprias famílias racistas (12%).
A pesquisa revela também que 44% dos brasileiros acreditam que raça, cor e etnia são o principal fator causador de desigualdades no país. Assim, observa-se que a população é capaz de perceber a grande incidência do preconceito na sociedade, bem como a sua correlação com a realidade social. Contudo, o brasileiro ainda possui dificuldade de compreender o racismo em seus espaços de convivência.
Cabe destacar, ainda, que os jovens brasileiros consideram o ambiente escolar o mais racista do país. A resposta foi dada por 64% dos entrevistados, que tinham entre 16 e 24 anos. Inclusive, nessa faixa etária, as mulheres negras são a maior parte (63%) das pessoas que veem o preconceito étnico-racial como o principal motivador de violência nas instituições de ensino.
O Brasil ainda tem um longo caminho pela frente no enfrentamento ao racismo estrutural impregnado em nossa sociedade. Ainda mais após os últimos anos, com o país tendo passado por um processo de ruptura democrática, acompanhado pelo sucateamento sistemático das políticas de Estado destinadas à população. O empenho de cada pessoa e da sociedade em geral na luta antirracista continua sendo fundamental, assim como a implementação de políticas sociais voltadas a essa questão.