6 em cada 10 crianças do 2º ano do ensino fundamental não estão alfabetizadas, revela pesquisa do MEC
O acesso da população a educação pública, gratuita e de qualidade social ainda não é uma realidade no Brasil. Essa situação ficou escancarada, na semana passada, com a apresentação da pesquisa inédita Alfabetiza Brasil, do Ministério da Educação (MEC). De acordo com o levantamento feito em 2021, 56,4% das crianças do 2º ano do ensino fundamental no país não estavam alfabetizadas. Isso equivale a cerca de 6 em cada 10 crianças estudantes nessa faixa etária.
A pesquisa revelou, ainda, uma queda na porcentagem dos níveis de alfabetização infantil no Brasil, já que, em 2019, o índice de crianças consideradas alfabetizadas era superior a 6 em cada 10. Assim, mais uma vez, somos confrontados com a herança de retrocesso para a Educação, com a qual o país tem que lidar atualmente.
Os números foram divulgados pelo ministro Camilo Santana, que está à frente do MEC, e pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Manuel Palacios. Na ocasião, o ministro Camilo Santana apontou que o governo deve lançar, em breve, “um grande pacto nacional pela alfabetização das crianças na idade certa”. A data de lançamento e maiores detalhes sobre esse projeto, contudo, não foram revelados. Ele se limitou a dizer que a construção da proposta se dará por meio diálogos com secretários municipais de educação e com a União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNIDIME).
A realização do levantamento levou em consideração, de acordo com o INEP, o “padrão associado a habilidades básicas de leitura e de escrita que foram desenvolvidas por um estudante alfabetizado, próximo do que é, hoje, estabelecido pelos sistemas de avaliação dos estados e municípios”. A definição dos critérios foi estabelecida com a participação de professoras de alfabetização e especialistas da área.
Os números alarmantes servem de alerta para a necessidade de aumentar os investimentos destinados à educação básica no Brasil, sobretudo na valorização da infraestrutura e dos profissionais da área. Não podemos perder de vista como os problemas na fase de alfabetização se refletem nas outras etapas do ensino vivenciadas pelos estudantes. Além disso, juntamente com outros fatores socioeconômicos, as dificuldades de aprendizado das crianças estudantes entre 6 e 10 anos tendem a contribuir para o aumento da evasão escolar, e, consequentemente, o encurtamento da infância e aprofundamento do círculo vicioso da pobreza. A luta para que a no Brasil a educação seja, de fato tomada como política pública deve começar no ensino básico.