Retorno presencial só com vacinação em massa!
Nas últimas semanas em todo Brasil, deu-se prosseguimento ou se iniciou a vacinação de professores. Um grande avanço para a categoria conseguir principiar seu processo de imunização. Porém, o início deste processo não pode ser marcado como indicador imediato de volta às atividades presenciais nas escolas e universidades.
Em conjunto com esta medida, em níveis municipais, estaduais e federal, tramitam projetos de lei que tencionam tornar a educação em atividade essencial. Isso significa que mesmo em caso de recrudescimento da pandemia, em uma eventual e provável terceira onda, escolas e universidades não poderão fechar.
No Ceará, por exemplo, o governo passou a exigir a assinatura de uma declaração de comprometimento com o retorno das atividades presenciais por parte dos docentes, como condicionante para conseguir a tão sonhada primeira dose da vacina contra Covid-19. Em Belo Horizonte, a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal, deu parecer favorável ao projeto de autoria da vereadora Flávia Borja (Avante) que torna a educação atividade essencial.
As pesquisas científicas são explicitas no cenário que se desenhará com o retorno da educação em forma presencial. A pedido do jornal O Tempo, ainda em abril deste ano, pesquisadores e professores dos departamentos de Sociologia e Estatística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fizeram uma simulação dos impactos da volta às aulas e a propagação do Covid-19.
Os resultados mostraram que num grupo de estudantes entre 6 e 14 anos em uma sala de aula com 20 outros alunos, um aluno infectado tem o potencial para contaminar 60 pessoas do círculo familiar dos estudantes somente em 15 dias. Isso com todos utilizando os equipamentos de proteção individual. Sem eles, seriam 90 infectados em apenas 10 dias. Vale lembrar que esta pesquisa ainda colocou para baixo a quantidade normal de alunos por sala de aula. Na realidade das escolas municipais e estadual, a lógica é de superlotação de alunos, não raro o número de estudantes por sala sendo o dobro, ou seja, 40 crianças e adolescentes numa mesma sala.
A vacinação dos professores é apenas a ponta do iceberg das necessidades da realidade que vivemos em tempos de pandemia. Em primeiro lugar, para ficar no exemplo de Belo Horizonte, a vacinação de profissionais da educação se deu com a vacina de Oxford/AstraZeneca. A segunda dose que levaria a imunização destes profissionais ocorrerá apenas no final de agosto e início de setembro. Em segundo lugar, vacinar os professores não significa vacinar a comunidade escolar e acadêmica.
Sem a vacinação dos estudantes, o cenário apontado pela pesquisa descrita acima será realidade. As escolas e universidades se tornarão centro de propagação da Covid-19. É necessário proteger os estudantes e suas famílias da pandemia que nos assola. A volta às atividades presenciais, para ocorrer de maneira segura, só deve ser aventada com a vacinação em massa da população brasileira.