Mulheres na ciência, mulheres na docência: desafios, superações e luta
Com o destaque do sequenciamento genético em tempo recorde do novo coronavírus, os olhares da opinião pública se voltaram para a importância da ciência pública brasileira. No entanto, o que realmente chamou a atenção da mídia foi o fato do trabalho ser encabeçado por duas mulheres: Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP, e Jaqueline Góes de Jesus, pós-doutoranda da Faculdade de Medicina da USP.
Se hoje as mulheres compõem o perfil predominante nas universidades brasileiras – 57,2% de estudantes em cursos de graduação, segundo o Censo do Ensino Superior de 2016 do Inep –, essa vantagem não se traduz nas posições mais avançadas da academia. No mesmo levantamento foi constatado que o perfil típico de docentes, tanto em instituições públicas quanto privadas, ainda é masculino: de 384 mil docentes da Educação Superior, 45,5% são mulheres, mesma porcentagem constatada no Censo de 2011.
Um levantamento divulgado pela UFMG em 2018 mostra, no entanto, que existe uma mudança em curso. Em 2007, 255 professoras e pesquisadoras eram líderes de grupo de pesquisa na instituição; em 2018, esse número era de 368, um aumento de 6,26%. O mesmo estudo, realizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, indica que, apesar da dianteira dos docentes homens, as mulheres vêm aumentando a participação nas autorias de publicações mais citadas e no recebimento de bolsas de produtividade concedidas pelo CNPq (órgão que, atualmente, corre risco de extinção). Além disso, sete cientistas da UFMG já foram agraciadas com o prêmio Para Mulheres na Ciência, iniciativa que premia projetos científicos inovadores com bolsas de pesquisa.
Hoje, no APUBH, as professoras compõem 49,6% do total de 2.960 filiadas e filiados, sendo 625 professoras na ativa e 835 aposentadas. Apesar desse número expressivo, apenas cinco professoras foram presidentas do Sindicato até hoje.
Neste 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, somos convidadas e convidados a refletir e repensar o papel da mulher na sociedade e a reconhecer que “Só da luta brota a liberdade”. É somente por meio da luta em todos os campos (sociais, políticos, educacionais e econômicos) que as mulheres têm conseguindo avançar e trilhar novos caminhos.