Michael Apple e Miguel Arroyo debateram os desafios da formação docente com a comunidade da UFMG
Mesa-redonda, promovida pelo APUBHUFMG+ em parceria com o IEAT/UFMG, contou com tradução simultânea e transmissão ao vivo pelo YouTube
O APUBHUFMG+ promoveu, em parceria com o IEAT/UFMG, mesa-redonda com a presença de Michael Apple e Miguel Arroyo (FaE/UFMG), dois expoentes da pedagogia crítica | Foto: Acervo do APUBHUFMG+.
Na tarde da última quarta-feira (26/11), recebemos os professores eméritos Michael Apple (Universidade de Wisconsin-Madison) e Miguel Arroyo (FaE/UFMG), dois expoentes da pedagogia crítica, para debater os desafios da formação docente e a luta por escolas democráticas, inclusivas e humanizantes.
Essa foi a proposta de mesa-redonda na UFMG, promovida pelo APUBHUFMG+ em parceria com a Cátedra FUNDEP Magda Soares de Educação Básica do IEAT/UFMG. A atividade contou com tradução simultânea e transmissão ao vivo pelo YouTube. Confira o vídeo no Canal do APUBHUFMG+: https://bit.ly/4onCqeW
A mesa-redonda foi conduzida por Helder de Paula, professor do COLTEC/UFMG e presidente do APUBHUFMG+, e Maria Carolina da Silva Caldeira, professora do Centro Pedagógico (CP/UFMG) e representante da Cátedra Magda Soares do IEAT. Após as exposições iniciais dos convidados, a palavra foi passada para o público presencial e online, abrindo espaço para um debate entre os convidados e o público.
Na abertura da atividade, o presidente do APUBHUFMG+ destacou a relevância dessa iniciativa, ao colocar em debate um tema tão caro para o sindicato, assim como para a comunidade acadêmica como um todo. Durante o debate, o professor Helder de Paula concordou com a afirmação dos convidados de que vivemos um momento de retrocessos no campo da educação e dos outros direitos sociais para reafirmar a pertinência do tema do encontro e da necessidade de mantermos nossa luta por universidades e escolas democráticas, inclusivas e humanizantes.
Helder de Paula, professor do COLTEC/UFMG e presidente do APUBHUFMG+ | Foto: Acervo do APUBHUFMG+.
Michael Apple: a disputa pelo papel da educação na sociedade
Em sua fala inicial, o professor Michael Apple destacou o acirramento, no momento atual, da disputa em torno da função da educação junto à sociedade. Para ele, esse cenário reflete a formação do bloco hegemônico atual, caracterizado pelo avanço do neoliberalismo e do neoconservadorismo. Como ponderou o convidado, a educação torna-se um empecilho para que esse projeto se concretize, caso cumpra a função social de estimular o pensamento crítico e promover a produção de conhecimento democrático, inclusivo e humanizante.
Michael Whitman Apple, professor emérito da Universidade de Wisconsin-Madison | Foto: Acervo do APUBHUFMG+.
Por isso, a ultradireita busca manter controle sobre as narrativas empregadas nas salas de aula, como forma de influenciar a sociedade e impedir o desenvolvimento de pensamentos dissidentes. Algo que já pode ser identificado no Brasil, como observou o professor, em projetos como o “Escola sem partido” e no avanço da influência de certas vertentes religiosas sobre o ensino, entre outras iniciativas para eliminar a autonomia de cátedra.
Ainda de acordo com o professor Michael Apple, nesse contexto, a profissão docente está sob ataque e os profissionais da Educação devem se envolver nessa disputa.
Miguel Arroyo: a disputa pelo projeto de nação e pela concepção de educação
Prosseguindo com as exposições, o professor Miguel Arroyo afirmou que os problemas atuais enfrentados na educação não são uma questão histórica isolada, mas um reflexo da própria concepção de nação que estrutura a nossa sociedade.
Miguel Gonzalez Arroyo, professor emérito da UFMG | Foto: Acervo do APUBHUFMG+.
Dessa maneira, de acordo com o professor, antes de discutir mudanças nas escolas, deveríamos colocar em debate o próprio projeto de nação. Dito de outra forma, não podemos esperar por escolas democráticas, inclusivas e humanizantes, quando caraterísticas do colonialismo ainda persistem em nossa sociedade.
O professor Arroyo propôs que essa visão crítica deve fazer parte da própria formação docente. Para ele, é preciso romper com o modelo atual de sociedade, para possibilitar que a educação cumpra a sua função social junto à sociedade. Algo que deve começar, como apontou o convidado, por uma consciência crítica sobre a história oficial.
Após as exposições iniciais dos convidados, a palavra foi passada para o público presencial e online, abrindo espaço para um debate entre os convidados e o público. | Foto: Acervo do APUBHUFMG+.
