Mais um ataque à Educação: o Novo Enem
A Reforma do Ensino Médio iniciada por Temer em 2016 e levada a cabo por Bolsonaro em 2022 afetará a vida de milhares de estudantes brasileiros. No novo modelo, onde serão ofertados um currículo comum inicial e uma grade opcional com ênfase nas áreas de interesse e formação técnica, chamados de itinerários formativos, o que parece ser uma opção benéfica e que facilitaria o acesso ao ensino superior se mostra uma armadilha apontada para os estudantes precarizados e em situação de vulnerabilidade.
Acontece que o Novo Ensino Médio escancara o abismo entre os estudantes das escolas públicas (em especial as mais pobres) e os alunos das escolas particulares. Em muitas cidades não será possível oferecer todos os itinerários e em várias o ensino seguirá precarizado. Esse modelo de ensino empurra as populações mais pobres para os trabalhos técnicos e de nível médio, enquanto abre o caminho da Academia para as elites brasileiras e, possivelmente, o recrudescimento da tecnificação dos cursos superiores.
Segundo o Jornal The Intercept, desde 2016, o crescimento dos segmentos de baixa renda nas universidades está estagnado, como mostram os dados do INEP. É o retorno de uma sombra do passado, quando o ensino superior era benesse quase exclusiva dos mais ricos no país.
Agora a Reforma de Bolsonaro afeta também o ENEM. Conforme comunicado do Ministério da Educação (MEC) da última quinta-feira (17), o ENEM deve, a partir de 2024, ser composto por duas novas etapas. Atualmente, a prova é dividida por áreas de conhecimento, em que no primeiro dia há 90 questões relacionadas às Ciências Humanas, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, e a redação. E no segundo, são 90 questões relacionadas a Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Com as novas orientações do MEC, o aluno será submetido a uma prova com questões discursivas de Português e Matemática, além da redação. E na segunda, as questões serão sobre a área escolhida pelo aluno durante o ensino médio.
Entrar na Universidade acaba sendo apenas o primeiro desafio da população do Brasil mais empobrecida economicamente. Os altos custos para se manter regularmente na faculdade (moradia, alimentação, transporte, gastos com o curso, entre outros), faz com que muitos estudantes tenham a necessidade de trabalhar durante a Universidade, o que se soma a luta por estabilidade emocional. Tal situações dificultam a condição de pessoas vindas do ensino básico e médio de escolas públicas, fazendo com que sejam ainda mais ameaçados na Universidade em comparação aos estudantes da elite.
Desde o começo de seu mandato, Bolsonaro escolheu a Educação Pública como sua inimiga e, mais uma vez, vemos seu governo agir para ameaçar o futuro de milhares de estudantes, especialmente os mais vulneráveis. Nos posicionamos ao lado das populações pretas, pobres, indígenas e quilombolas em diversas lutas e não fugiremos dessa vez! O APUBH reforça seu compromisso com a Educação e se posiciona contrariamente a esse novo modelo de ENEM excludente e elitista. É necessário que as entidades de educação se mobilizem e pressionem o governo para barrar mais esse retrocesso.