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IV Semana Negra do APUBH debateu os desafios e as perspectivas de ser pessoa negra na universidade

APUBHUFMG+ recebeu integrantes da comunidade acadêmica para conversar sobre os desafios e as perspectivas de ser pessoa negra na universidade | Foto: Lara Marques.

Quais os desafios e as perspectivas das pessoas pretas e pardas que integram a comunidade acadêmica da UFMG? A discussão foi trazida à tona na quarta edição da Semana Negra do APUBH, entre os dias 16 e 19 de novembro deste ano. As atividades mesclaram a modalidade presencial, promovida na sede do sindicato, com a modalidade virtual, por meio da transmissão online, através do YouTube: https://www.youtube.com/apubhufmgsindicato

No final da manhã da última sexta-feira (18/11), o APUBHUFMG+ recebeu pessoas da comunidade acadêmica para partilharem e refletirem sobre suas vivências na universidade. Assim, estiveram presentes o professor Natalino Neves da Silva e a técnica-administrativa Luciana Gomes da Luz Silva, da Faculdade de Educação (FaE/UFMG), e do estudante Lucas Tiago, do curso de Relações públicas da universidade. Houve, ainda, a participação online do professor Paulo Gabriel Soledade Nacif, ex-reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e membro da equipe de transição para o governo Lula. A mediação da conversa foi realizada pelo jornalista Anderson Fabiano, da Assessoria de Comunicação do sindicato. Assista ao registro do segundo dia da IV Semana Negra do APUBH, no canal do sindicato no YouTube: https://youtu.be/6l5FGD728kk

Iniciando o debate, a técnica-administrativa Luciana Gomes da Luz Silva abordou o racismo estrutural na universidade, partindo de sua própria experiência na UFMG – a princípio como estudante e, posteriormente, como servidora pública. Para mudar esse quadro, a TAE apontou a relevância de ações de ações afirmativas, como aquelas promovidas pela própria universidade e, principalmente, a Lei de Cotas. Na verdade, ela aprofundou a discussão em sua dissertação de mestrado: “Trabalhadoras negras na Universidade Federal de Minas Gerais: o que muda a partir da implementação da lei 12.990/2014?”. Hoje, mestre em Educação pela UFMG, ela realizou a pós-graduação cerca de vinte anos após concluir a sua graduação.

Prosseguindo com o debate, a palavra foi passada para o professor Natalino Neves da Silva. Ele conduziu reflexões sobre os desafios de pessoas negras no exercício da docência, assim como na construção do combate ao racismo epistêmico e institucional. E para tanto, o docente recorreu às falas, ao trabalho e às experiências de pessoas docentes negras nas universidades públicas brasileiras. Assim, na construção da existência e resistência frente às violências raciais a que está exposta esta parcela da população, o professor reforçou o papel de um processo de “aquilombamento”. Nesse sentido, encontram-se medidas de formações antirracistas, de ações afirmativas e da mobilização coletiva, tanto em termos políticos quanto afetivos, entre outras medidas.

Na sequência, o estudante Lucas Tiago teve a palavra. Em sua vivência na graduação, ele acredita que o planejamento curricular da universidade não contempla a população negra do país, assim como não engloba essas pessoas na construção do projeto pedagógico. O discente ainda reforçou a importância de aumentar a presença negra nas universidades para romper com a noção de não pertencimento destas pessoas ao ambiente acadêmico. Para ele, as ações afirmativas possuem papel decisivo para enfrentar o racismo estrutural.

Já o professor Paulo Gabriel Soledade Nacif atestou o sucesso das políticas de ações afirmativas para ampliar a presença de estudantes, docentes e demais profissionais nas universidades. Contudo, para além do ingresso, ele ressalta a necessidade de ações voltadas para garantir a permanência destas pessoas, assim como programas para ampliar as suas possibilidades dentro do meio acadêmico. Na verdade, ele avalia que estas instituições continuam a reproduzir características voltadas às classes média e alta, sobretudo para pessoas brancas, para as quais foram, originalmente, pensadas. Nesse ponto, o ex-reitor destacou o papel das ações afirmativas, assim como de medidas institucionais financiadas pelo poder público.

A Semana Negra do APUBH integra a programação do “Novembro Negro da UFMG”. No seu  quinto ano, o ciclo de atividades, promovido pela Universidade através da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE/UFMG), traz como tema “Permanecer para avançar: o que vem, já está aqui”. O sindicato compõe as entidades que agregam na construção coletiva do evento.

IV Semana Negra do APUBHUFMG+