Governo Bolsonaro faz novos ataques às Universidades Públicas
A campanha difamatória do governo Bolsonaro contra as Universidades Públicas prossegue, mesmo em meio à campanha eleitoral. A ofensa mais recente ocorreu no último domingo (16/10), durante a participação do candidato de extrema-direita em um debate presencial televisionado. Ao ser questionado sobre o número de universidades e escolas técnicas inauguradas por seu governo, o candidato desdenhou. Nas palavras do atual presidente: “durante a pandemia, dois anos, as universidades ficaram fechadas, dois anos. Não fazia sentido criar universidade para ficar fechada”.
O presidente aparenta desconhecer ou não se importar com o que, de fato, a comunidade acadêmica enfrentou ao longo da pandemia. Em virtude das medidas de segurança sanitária, as a rotina de trabalho precisou ser adaptada. Nem por isso, no entanto, as atividades presenciais foram suspensas em sua totalidade. Pelo contrário, a atuação das universidades públicas foi decisiva para salvar vidas, evitando que a calamidade pública se tornasse ainda maior.
Os hospitais universitários, como o Hospital das Clínicas da UFMG, foram a linha de frete para o acesso da população aos serviços públicos de Saúde. Ao mesmo tempo, os laboratórios de universidades públicas encabeçaram pesquisas sobre a Covid-19, em que foram desenvolvidos procedimentos de maior eficiência e menor custo para diagnosticar e tratar pessoas infectadas pelo vírus da Covid-19. E quando as vacinas contra o coronavírus chegaram ao país, apesar dos esforços em sentido contrário do bolsonarismo, o meio acadêmico estava lá para realizar testes de segurança e orientar a população sobre a doença em si e os processos de imunização.
Recentemente, inclusive, recebemos com otimismo a notícia de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autorizou que o imunizante SpiN-Tec, em desenvolvimento no Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) da UFMG, comece a passar por testes clínicos, com a aplicação em voluntários. Através dessa testagem, será apurada a eficácia e a segurança do medicamento, além de desmentir falas negacionistas que insistem em proliferar a mentira sobre a eficácia das vacinas.
Além disso, é preciso lembrar que o trabalho docente no ensino superior continuou, mesmo nos momentos mais críticos da pandemia, em que estivemos afastados do convívio presencial. Afinal, a Universidade não se limita às suas dependências físicas. Para possibilitar que as aulas continuassem, as universidades públicas adotaram modalidades de ensino remoto, como o Ensino Remoto Emergencial (ERE) implementado na UFMG. Assim, professoras e professores precisaram se desdobrar para dar conta de atividades que não faziam parte de suas atribuições – como o uso de ferramentas digitais e a transmissão de aulas digitais, entre outros. E mesmo com todo o desgaste físico e emocional gerado por esta experiência, as universidades públicas permaneceram abertas.
Em todos os casos citados acima, as áreas de Educação, de Ciências, Tecnologia e Inovação e de Saúde Pública foram vítimas de negacionismo e subfinanciamento criminoso. Basta lembrar que, mesmo atravessando uma profunda crise humanitária e sanitária, o governo manteve a EC 95, que congela por vinte anos os investimentos em políticas públicas. Além disso, o alto índice de evasão universitária, entre estudantes de baixa renda, poderia ser contornada com o devido investimento do Estado. Porém, as instituições públicas vêm dispondo, cada vez menos, de verba para programas de permanência, por causa dos cortes orçamentários.
O atual governo que, ao longo de todo o seu mandato, tem difamado o trabalho da comunidade acadêmica e científica é o mesmo governo que atua, ativamente, para sucatear este trabalho. Cortes, bloqueios e contingenciamentos se acumulam, e as universidades públicas, IFES e agências de fomento de pesquisa se vêm cada vez mais próximas de terem de fechar as portas por falta de orçamento para arcar com o custeio de suas atividades.
Após quase quatro anos de ataques, as palavras do presidente não causam espanto, porém continuam a causar indignação. O governo Bolsonaro não vê sentido em abrir novas universidades, enquanto atua para que aquelas que já existem sejam obrigadas a fechar as portas. As mentiras deste (des)governo devem ser expostas e rechaçadas, assim como o seu projeto neoliberal que coloca em risco a sobrevivência da Universidade Pública, gratuita e de qualidade. É preciso derrotar o bolsonarismo nas ruas e nas urnas!