Governo Bolsonaro fará o ENEM da exclusão
O governo Bolsonaro se notabiliza por quebrar recordes. Quebrou o recorde no número de desempregados, que bateu a casa dos 14,8 milhões de pessoas. Quebrou o recorde na quantidade de trabalhadores na informalidade, com mais de 35 milhões de pessoas nessa situação. Colocou o país em segundo posicionado em número de mortes pela pandemia da Covid-19, com quase 590 mil mortos. Agora, quebra outro recorde: o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tem o menor número de inscritos desde 2005.
Ninguém pode dizer que o governo Bolsonaro não avisou que faria isso. A exclusão dos jovens das universidades públicas brasileiras é um planejamento explicito. Afinal, no início de agosto, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista à TV Brasil que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos”.
Os números do ENEM deste ano comprovam esta tese. Em 2020, o ENEM teve 5.783.483 inscritos. Em 2021, este número caiu para 3.109.762 estudantes. E, como em toda análise que se debruça sobre a desigualdade no Brasil, a exclusão no ENEM tem um evidente recorte racial. Em 2020, 63,2% dos inscritos eram pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Neste ano, serão de 56,4%. Os brancos, por sua vez, que haviam sido 34,7% dos inscritos em 2020, saltaram para 41,5% em 2021.
Os motivos para a exclusão são inerentes às ações do Governo Bolsonaro. Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que com a pandemia, que não foi combatida pelo Governo Federal, as escolas ficaram fechadas por mais de um ano e hoje ainda funcionam em sistema híbrido emergencial de maneira precária. Neste cenário, os alunos mais pobres, de escolas públicas, foram ainda mais duramente atingidos, pela falta de infraestrutura básica para conseguir manter as atividades escolares remotamente.
Se este fator possui algum grau de objetividade, as mudanças nas regras de obtenção de isenção da taxa de inscrição não deixam nenhuma dúvida do prejuízo aos mais pobres. De acordo com a nova normativa, aqueles que se inscreveram em 2020 e tiveram isenção, não tem o direito de solicitar novamente a isenção em 2021. Em 2020, pelo óbvio motivo da pandemia e do absurdo número de mortes no Brasil, 8 em cada 10 jovens não foram realizar as provas. Isso impacta, sobretudo, os mais pobres, ainda mais em um cenário pandêmico em que metade dos jovens entre 15 e 29 anos tiveram impactos na renda familiar durante a pandemia, de acordo com dados da pesquisa “Juventudes e a Pandemia”, feita pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE).
O ENEM de 2021 se dará em um cenário de inflação galopante, empobrecimento geral da população e com a dificuldade ainda maior das famílias manterem os jovens nas faculdades, ainda que pública e gratuita. Mesmo os poucos que entrarem nas universidades, serão prejudicados pelo corte de investimentos no Ensino Superior, que prejudicam a concessão de bolsas que são a principal forma de sustentação do estudo por milhares de estudantes que entram na universidade pública.
Não há rodeios possíveis: o governo Bolsonaro é um governo golpista, corrupto, que age abertamente para aumentar o fosso da desigualdade social no Brasil. Os números do ENEM 2021 são mais uma prova contundente deste fato. Para a manutenção da universidade pública, gratuita e de qualidade social e de seus estudantes, precisamos nos posicionar e agir pelo fim do governo Bolsonaro.
APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022