Fora Governo Bolsonaro: quais as razões para apoiar essa causa?
Ameaças do atual governo à população brasileira foram debatidas em mais uma edição das reuniões preparatórias para a assembleia do APUBH UFMG+, no dia 09/03
Na sexta-feira passada (26/02), o APUBH UFMG+ realizou três novas edições do ciclo de Reuniões Preparatórias para a Assembleia Docente (que será realizada na próxima terça-feira, 09/03). Em cada rodada, é colocado em discussão um dos temas que farão parte da pauta da assembleia. A primeira reunião do dia abordou o #ForaGovernoBolsonaro, tendo como convidado o professor Luiz Carlos Villalta, do Departamento de História da UFMG e vice-secretário-geral do sindicato.
Em sua fala, o professor discorreu sobre os principais motivos que tornam a interrupção do Governo Bolsonaro/Mourão uma necessidade para o país. Ele salientou ainda que a ameaça não se resume ao Presidente e ao Vice-Presidente, envolvendo também os interesses dos grupos que sustentam o governo federal e ajudaram na sua eleição. É o caso, ainda segundo o docente, da equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, representante do grande capital financeiro, da grande mídia e de setores conservadores da sociedade.
No início da participação do convidado, ele recorreu ao pensamento de teóricos políticos clássicos, como São Tomás de Aquino, para definir o “direito inalienável” do povo de se rebelar contra governantes que faltam com o respeito às leis e que atentam contra a conservação da sociedade. “Nós estamos diante de um governo despótico e tirânico. Nós temos que resistir, dentro dos parâmetros legais, a esse governo”, analisou.
Um dos argumentos levantados para a necessidade de retirada do atual governo é o modo com que o Estado vem sendo conduzido, que se apresenta como uma forma de necropolítica. Segundo o professor, este termo se aplica ao atual presidente, pois ele “promove a morte, destrói a vida, no amplo sentido que a vida tem”. Isso pode ser percebido, ainda segundo ele, no modo como o governo lida com questões ligadas ao meio ambiente e às mulheres, bem como às populações negras, aos pobres, aos indígenas, aos LGBTQIA+, entre outros.
O professor Villalta também vê ameaças à vida no descaso do governo com a Saúde. De acordo com o docente, esse descaso se evidenciou na pandemia, mas já podia ser observado mesmo antes, com o subfinanciamento do SUS. A insistência do governo na liberação das armas foi outra ameaça apontada. No entendimento do professor, ela, além disso, ainda significa que o Estado perderia o monopólio legitimo do uso da força.
Prosseguindo com a discussão, o docente abordou a supressão de direitos promovida pelo Presidente da República. O governo Bolsonaro deu sequência, ainda segundo o professor, à retirada de direitos trabalhistas da população, iniciada por Michel Temer. Para o docente, estes são reflexos da política neoliberal do atual governo, que também se manifestam na destruição da indústria nacional. “É esse o governo que nós temos, é um governo que destrói. O Brasil se converteu em um país extrativista e um país do agronegócio, como na época colonial”, definiu. Isso pode ser notado, ainda segundo ele, no retrocesso da produção científica e tecnológica no país, que antes vinha se desenvolvendo, inclusive com a produção de vacinas.
E o retrocesso não está apenas no setor de CT&I. O professor lembrou que este grupo político chegou ao poder prometendo livrar o país da presença ideológica na política, contudo, paradoxalmente, promove o enviesamento do Estado. “Nós, professores, éramos vistos como os ‘esquerdistas doutrinadores’, mas o Estado foi aparelhado pelos militares – nós temos, hoje, 11 mil militares enclausurados em postos que eram de civis. E nós temos uma malta de fanáticos e de reacionários controlando políticas públicas”, ponderou.
Paralelamente, o professor Villalta observa que estamos presenciando profundos ataques e uma campanha difamatória contra a comunidade universitária, o que afeta estudantes, docentes e demais servidores públicos. “Nós somos vítimas de perseguições, que são políticas, como aconteceu com a própria reitora da UFMG, à qual a CGU [Controladoria-Geral da União] tentou aplicar uma suspensão de vinte dias”, lamentou.
Finalizando a sua fala inicial, o docente definiu que “o projeto do Governo Bolsonaro é promover o genocídio do povo brasileiro”. O vice-secretário-geral do APUBH reforçou a necessidade do engajamento dos docentes nessa pauta de luta: “E é por esses crimes de responsabilidade imensos, de não conservar a sociedade, mas de promover a sua destruição, que eu digo: Fora Bolsonaro! Fora Mourão! Fora todo este governo!”.