Ensino remoto ou retorno ao presencial: qual a melhor opção para a UFMG, neste momento?
Esta questão foi debatida na segunda edição das reuniões preparatórias para assembleia do APUBH UFMG+, em março
O APUBH UFMG+ promoveu, ontem (25/02), a segunda Reunião Preparatória para a Assembleia Docente, que será realizada no dia 09/03/2021. Em cada edição da reunião, é colocado em discussão um dos temas que farão parte da pauta da assembleia. Desta vez, o tema foi Retorno Presencial e Ensino Remoto Emergencial (ERE). Três novos encontros serão realizados nesta sexta-feira (26/02), com os temas: #ForaGovernoBolsonaro, Resolução 10/95 e Reforma Administrativa.
Ontem, quinta-feira, a reunião contou com a presença da professora Jordana Reis, especialista em virologia do Departamento de Microbiologia (ICB/UFMG), e de integrantes da Comissão de Monitoramento e Avaliação do ERE na UFMG, que representaram os três setores da universidade: a professora Andrea Motta, do Departamento de Fonoaudiologia (Medicina/UFMG), o técnico-administrativo Luiz Antônio de Faria, da Diretoria de Avaliação Institucional (DAI), e a estudante Gabriela Arsênio, do curso de Teatro (EBA/UFMG). A professora Analise de Jesus da Silva, 1ª vice-presidente do APUBH, realizou a mediação da conversa.
O debate teve início com um panorama sobre o andamento do Ensino Remoto Emergencial (ERE) na UFMG. Os integrantes da Comissão realizaram a apresentação de um recorte dos dados obtidos na segunda fase do monitoramento do ERE na UFMG. Esses dados foram levantados através da pesquisa, realizada por meio de um questionário objetivo, que foi respondido pela comunidade universitária – docentes, TAEs e estudantes.
A professora Andrea Motta apresentou os dados referentes à experiência da categoria docente no ERE. “Nós não estamos fazendo uma comparação do ensino remoto emergencial com o presencial. A ideia não é verificar se o ensino remoto emergencial é melhor que o presencial, é simplesmente ver o que aconteceu, o que foi a vivência dos docentes nesse período”, definiu. Segundo ela, o Microsoft Teams é a plataforma digital que mais tem sido utilizada. Em relação ao acesso e à inclusão digital, os números apontam que 71% dos docentes precisaram adquirir equipamentos e/ou ampliar o plano de dados para o acesso à Internet. Em relação à qualidade dos equipamentos e do acesso à rede, a professora observou que a maioria definiu como boa, mas que, ainda assim, “os docentes estão enfrentando desafios no acesso à Internet”.
Ainda segundo os dados, a maioria dos professores produziu conteúdo digital, sejam sozinhos ou em conjunto com outros colegas, para ser disponibilizado aos estudantes. Além disso, muitos professores têm optado pelas aulas síncronas. A docente observou que, com base nos resultados da pesquisa, será necessário elaborar estratégias para lidar com os desafios que os professores vêm enfrentando na relação com os estudantes. Em relação aos problemas de implementação, os professores apontaram a sobrecarga na elaboração dos materiais e a baixa interação e envolvimento dos estudantes.
Os resultados referentes a estudantes foram apresentados por Gabriela Arsênio. Segundo ela, o Microsoft Teams é a principal plataforma utilizada nas atividades síncronas, sendo que 73,2% dos respondentes acreditam que esta atende às necessidades específicas. A estudante chamou a atenção para o fato de que 48% dos estudantes responderam que houve excesso de atividades e conteúdos, considerando o tempo previsto para as disciplinas. Ela também destacou o fato de que grande parte dos estudantes teve algum tipo de problema de saúde, seja física ou mental, durante o ERE.
O servidor Luiz Antônio de Faria apresentou os dados das respostas dos TAE’s da universidade. A pesquisa revelou que as principais plataformas digitais utilizadas pela categoria são o Google Meet e o Zoom. A maioria dos respondentes confirmou que está conseguindo se adaptar a essa modalidade de trabalho. Assim como no caso dos estudantes, o servidor chamou a atenção para o número elevado de TAE’s que enfrentaram algum tipo de problema de saúde, seja física ou mental, nesse período.
Dando sequência ao debate, a virologista Jordana Reis apresentou um panorama da situação atual da pandemia, tomando como base a contabilização, disponibilizada pela Johns Hopkins University, do número de casos e mortes em decorrência da Covid-19. Ao analisar os dados, ela observou que “estamos, agora, em um momento muito crítico ainda da pandemia”. De acordo com a cientista, estamos passando por curva ascendente do número de casos da doença, o que pode indicar o platô de uma segunda onda da pandemia. Na avaliação dela, embora o ERE não atenda a todas as demandas do ensino da universidade, especialmente no caso das aulas práticas, a retomada do ensino presencial não é viável neste momento. “Sem sombra de dúvida, retornar agora é alimentar essa curva, é alimentar esse platô”, opinou.
Em relação à fala dos membros da Comissão, a professora avalia que o ERE ainda demanda ajustes para atingir a sua plena execução. Contudo, ainda na opinião dela, os dados apresentados demonstram “os indícios de que nós podemos aprimorar as nossas estratégias de ensino, mas sem abrir mão do ensino remoto emergencial, neste topo da segunda curva que estamos vivendo da pandemia de Sars-CoV-2”.“A minha opinião é que nós ainda não estamos em condições sanitárias suficientes e seguras para realizar um retorno presencial”, reforçou.