Docentes da UFMG e entidades nacionais debatem Trabalho e Educação, em mesa promovida pelo APUBH
Mesa ‘Precarização do trabalho docente e ataques à universidade pública’ teve a participação de representantes do Andes-SN e da PROIFES-Federação
O APUBH se reuniu com a comunidade acadêmica da UFMG e representantes de entidades docentes nacionais, na Mesa ‘Precarização do trabalho docente e ataques à universidade pública’. A atividade foi realizada nesta quinta-feira (23/05), no Auditório da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, integrando a programação do Maio: Trabalho e Educação, realizado pelo sindicato em homenagem ao mês das trabalhadoras e dos trabalhadores.
A mesa foi composta pela profa. Maria Stella Goulart, presidenta do APUBH, e pela profa. Ana Elisa Cruz Corrêa, da Diretoria Setorial de Ações Sindicais e Carreiras Docentes, e pelas convidadas: professora Eblin Joseph Farage, do ANDES-SN, e pela professora Luciene Fernandes (PROIFES-Federação).
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A mesa foi aberta pela presidenta do APUBH, que enfatizou a importância da união da categoria docente e de suas entidades representativas, na luta em defesa da educação e da Universidade. A professora aproveitou ainda para convidar os presentes a participarem das próximas atividades a serem desenvolvidas pelo sindicato, que incluem a Assembleia das professoras e dos professores, amanhã (24/05).
A profa. Ana Elisa Cruz Corrêa definiu que a proposta do encontro era problematizar e discutir o trabalho e a educação no contexto atual. E como essa conjuntura afeta o cotidiano das Universidades e do trabalho docente. A professora analisou que passamos por uma conjuntura política difícil, pelos cortes orçamentários e outras formas de ataque.
A professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Luciene Fernandes (PROIFES-Federação), contextualizou o momento atual em uma perspectiva ampla, que reflete a geopolítica internacional. Para o progresso do imperialismo internacional, segundo ela, há a demanda pela interferência em países periféricos, como o Brasil, que possuem valor estratégico.
Neste contexto, a Educação e, especialmente, o Ensino Superior possuem papel decisivo. Assim, para que o capitalismo possa promover a exploração de povos e de seus recursos, utiliza-se de uma verdadeira guerra ideológica e cultural. “A Educação, principalmente o Ensino Superior, é foco dessa guerra cultural. Porque a Universidade ainda é o espaço do pensamento crítico”, analisou a professora. “Nenhum povo que tenha algum nível de desenvolvimento e soberania vai entregar tão facilmente as suas riquezas naturais”.
A professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eblin Joseph Farage (ANDES-SN), analisou que a conjuntura atual reflete a tentativa de recuperação do capitalismo, que passa por uma crise estrutural internacional. Essa crise demanda a reconfiguração do Estado e das políticas públicas. E nesse contexto, está inserido o conjunto de ataques sofridos pela Educação Superior pública.
Outro ponto levantado pela professora, que contribui para o avanço desses ataques, é a crise da organização trabalhista. Uma vez desfragmentada, a classe trabalhadora se torna mais suscetível a perda de direitos. “Nós acreditamos que a perspectiva de adaptação ao projeto do capital nos leva a aceitar uma desestruturação, por dentro, da Universidade pública e das políticas públicas em seu conjunto”, definiu.
Após as exposições, os presentes fizeram perguntas às palestrantes e expuseram as suas visões sobre a carreira docente e sobre os ataques sofridos pela Universidade pública no período recente. O debate também deu oportunidade para as representantes das entidades nacionais apresentarem as suas diferentes visões estratégicas para a defesa da categoria docente.