Acontece no APUBH

Discussão sobre Qualidade de Vida com Aposentadoria foi ponto central da Roda de Conversa sobre Saúde Mental e Qualidade de Vida

A Faculdade de Medicina da UFMG sediou a 7ª Roda de Conversa sobre Saúde Mental e Qualidade de vida, nesta segunda-feira, 08 de abril. A Qualidade de vida associada à aposentadoria foi o tema do encontro, organizado pela Diretoria de Saúde e Qualidade de vida.

Na abertura da Roda, a professora Denise Araújo, diretora de Ações Sindicais e Carreiras falou aos presentes sobre a importância de participar dessa roda de conversa cujo tema é a aposentadoria, principalmente, por ser integrante da diretoria que é o coração da atividade sindical.  Ela ainda ressaltou que as preocupações da sua diretoria têm um ponto em comum com as da diretoria de saúde, pois nos encontros com os professores, as discussões tocam muito na questão da saúde e da qualidade de vida. “No caso dos professores da ativa, por exemplo, uma das principais queixas é o que é denominado de “produtivismo” que tem provocado o adoecimento docente, afetando as relações de trabalho e constituindo um ambiente de trabalho nada saudável”, explicou.

De acordo com a diretora, a questão da aposentadoria é uma das preocupações centrais das ações do sindicato, mencionando a criação de GT de Trabalho focado na carreira docente e da necessidade de maior presença dos docentes aposentados no grupo.  Para ela, o ponto mais frágil é o sindicato ficar afastado das demandas dos aposentados. “É importante ter um entendimento sobre quais são essas demandas e questionamentos. É uma falta que não estamos conseguindo preencher: saber o que os aposentados demandam do sindicato “, disse.

O sentimento de perda do link com a história e as questões mais amplas da carreira por causa da grande renovação docente na Universidade e a prevalência de professores sob um novo regime previdenciário foi outro aspecto abordado pela professora. “Eu percebo que o regime novo, a partir de 2013, muda até a forma da pessoa estar na universidade, lidar com as questões da universidade e com o trabalho. Daí a importância de entender as questões que são mais amplas da carreira docente vistas sob uma ótica histórica, de diferentes carreiras e diferentes vivências aqui dentro da universidade”, ressaltou.

 

Aposentadoria e Qualidade de Vida

A professora Luana Giatti Gonçalves, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG foi convidada para falar sobre o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) em Minas Gerais, projeto do qual é vice-coordenadora. Ela apresentou os resultados preliminares de uma pesquisa de sua orientanda de doutorado que aborda a relação entre a aposentadoria e a satisfação com a vida.  De acordo com a professora, essa é a primeira análise a partir dos dados do Elsa que tem o foco nos aposentados.  Daí a sua apresentação nesta roda de conversa, uma vez que os resultados “conversam muito com a qualidade de vida”, disse.

 

O Elsa foi brevemente contextualizado por Luana para melhor entendimento da proposta de conversa. A professora explicou que o projeto Elsa começou em 2008 com financiamento do Ministério da Saúde, “no momento em que o envelhecimento da população brasileira juntamente com o aumento da importância das doenças crônicas como causa de morte tornou essa questão um problema de saúde pública.  E por isso tornou-se importante entender quais são os fatores que influenciam essas doenças na população adulta brasileira”.  De acordo com a professora, o estudo de doenças crônicas possibilita a análise do processo de envelhecimento e do motivo pelo qual as pessoas envelhecem de formas tão diferentes. 

O projeto é coordenado por um consórcio de pesquisadores de seis instituições de ensino e pesquisa, incluindo a UFMG e já está em sua terceira fase. A sua população de estudos é composta apenas por servidores públicos federais.  Um dos aspectos positivos da pesquisa mencionado pela professora Luana é a investigação de como as condições socioeconômicas dos participantes na infância, investigada pela escolaridade materna, influenciam a saúde na vida adulta.

Em sua explanação, a professora Luana relatou que alguns estudos apontam que a aposentadoria está associada à uma percepção de maior satisfação com a vida. Esta pode ser influenciada segundo a situação financeira, o tempo de aposentadoria, as características do trabalho anterior, ou seja, se era um trabalho mais prazeroso ou não, ou um trabalho que a pessoa já não suportava mais. “E parece que essa satisfação tende a aumentar com o tempo de aposentadoria e também, segundo alguns estudos, se o aposentado está ou não trabalhando. Quem retoma o vínculo de trabalho pode estar mais satisfeito, pois é trabalho em outros níveis, com outros vínculos e outras demandas”, explicou.  

Falou – se ainda da aposentadoria como um processo de transição no curso da vida, em que o trabalhador experimenta sentimentos contraditórios de perda econômica e de identidade, mas também de ganho de tempo, de possibilidade de lazer. Abre-se para ele a viabilidade de desenvolver novos projetos ou novos trabalhos. É uma nova perspectiva de vida.  A pesquisa apresentada também mostrou a relação entre aposentadoria e depressão, sendo que os servidores aposentados apresentaram um grau menor de depressão em relação aos que ainda estavam na ativa.

Outro destaque na apresentação da vice-coordenadora do Elsa, foi a menção ao fato de que os movimentos de aposentadoria e de satisfação com a vida são altamente influenciáveis pelo contexto político e as reformas, especialmente, da previdência. Essa movimentação foi ressaltada pelas assessoras jurídicas do APUBH, Flávia Mesquita e Sarah Campos, presentes à Roda de Conversa, que observaram um aumento na inquietação dos servidores públicos em condições de se aposentar às vésperas de cada reforma da previdência, aliada a um aumento significativo nos pedidos para aposentadoria antes da promulgação das mudanças.

A advogada Flávia Mesquita destacou que a proposta de reforma da previdência gera momentos de insegurança, de angústia e até mesmo de depressão no professor, especialmente, nos que não estão na situação de direito adquirido com a Reforma da Previdência. Nesse sentido, a professora Denise Araújo, diretora de Ações Sindicais e Carreiras ponderou que essa indecisão não rouba apenas o futuro do trabalho, mas o seu presente, pois gera uma situação de preocupação constante em relação à aposentadoria e qualidade de vida.

Já a professora Eli Iola Gurgel Andrade, diretoria de Saúde e qualidade de Vida do APUBH, ao destacar que há no momento, 3 carreiras de servidores públicos federais (até 2003, a de 2003 a 2013 e após 2013) falou sobre a importância de se reencontrar para discutir quais são as reformas realmente necessárias para o sistema previdenciário brasileiro.  

A aposentadoria ainda será tema de outras rodas de conversa e atividades promovidas pelo Sindicato. Os filiados devem ficar atentos à divulgação e participar.