Acontece no APUBH

Dia de Mobilização Nacional em Defesa da Ciência chama atenção para crise no setor

Recente corte de 92% no orçamento condena milhares de pesquisas e projetos à morte

Ato contra os cortes no orçamento para a ciência, tecnologia e inovação, na ALMG | Foto: Carol Custódio.

Inflamados pelo recente corte de 92% no orçamento para a ciência, tecnologia e inovação, realizado a mando do Ministério da Economia, entidades sindicais e estudantis de todo o Brasil realizaram nesta terça-feira, 26 de outubro, um dia de mobilização em defesa da ciência, tecnologia e inovação brasileira. . Em Belo Horizonte, a atividade aconteceu na Praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e contou com a participação da ANPG, APG-CEFET-MG, APG-Fiocruz Minas, APUBH UFMG+, APG-UFMG, APG-PUC MINAS, DCE-UFMG, Inteligência Coletiva, Sind-CEFET, SindUTE, SINDIFES, SBPC-Minas, UNE e outras entidades ligadas à educação, ciência e pesquisa em Minas Gerais.

A mobilização nacional foi convocada pela Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br), que é coordenada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e por entidades estudantis, como a Associação Nacional de Pós Graduação (ANPG) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Na Praça da ALMG, o APUBH UFMG+, em parceria com outras entidades, montou a tenda da Ciência e da Pesquisa para mostrar para a população de Belo Horizonte o que é produzido pelos pesquisadores na universidade e como esse conhecimento é aplicado para melhoria das condições de vida e saúde das pessoas. Essa mesma tenda fez parte da ação “Educação na praça: Ação em defesa de educação democrática”, realizada no último dia 22 de outubro na Praça 7, a fim de mostrar a importância de valorizar a educação e o profissional da educação, da ciência e da pesquisa.

O dia de protestos contou também com um ato virtual, no canal da ANPG no Youtube, chamado de “Quanto Vale a Ciência?”. Confira aqui o vídeo: https://youtu.be/2ht0zG_m4mE Na transmissão, a presidenta da ANPG, Flávia Calé falou sobre o objetivo da ação que foi a defesa da ciência contra os cortes, especialmente contra os cortes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT. “Nossa agenda aqui em direção ao Congresso Nacional, vários parlamentares vão passar por aqui hoje, tem como centro a recomposição orçamentária da ciência e da educação e o investimento integral do FNCDT na ciência”, disse Flávia.   O FNDCT tem R$ 2,7 bilhões não liberados pelo governo e que deveriam ser utilizados ainda 2021. A menos de três meses para o fim do ano, não há informação de prazo para liberação dos recursos.

A presidenta da ANPG ainda destacou que na medida em que Brasil investe menos em ciência “perde a possibilidade de construir a sua autonomia tecnologia e, portanto, a sua soberania para decidir os rumos do desenvolvimento brasileiro”. Neste sentido, o vice-presidente da SBPC, Paulo Artaxo fez o seguinte questionamento: “que Brasil a sociedade brasileira deseja construir? Eu acho que essa é uma questão fundamental. Nós queremos construir um Brasil onde a estratégia de ciência e tecnologia é definida por um ministro da economia? Uma política neoliberal?”.  De acordo com ele, claro que não. Por isso, “muito mais do que uma luta por recursos. É uma luta para que a gente possa ter ciência, para que gente possa construir uma sociedade que seja sustentável e que seja soberana”, afirmou.

Em Belo Horizonte, no ato na praça da ALMG, a presidenta do APUBH UFMG+, professora Maria Rosaria Barbato, denunciou a explicita e vergonhosa ação do governo Bolsonaro em executar mais um corte no orçamento para a ciência brasileira. “Os professores da UFMG hoje estão aqui para lutar junto com toda a comunidade científica contra mais um ataque desse desgoverno. Nós tivemos um corte de mais de 92% no orçamento da ciência e da tecnologia e que vai se acrescentar aos inúmeros cortes que já aconteceram até agora”, disse.  Barbato lembrou que, atualmente, o orçamento da UFMG é o mesmo de 2008 e que o número de alunos é mais do que o dobro do daquela época. Para ela, “isso é vergonhoso! Isto significa que este é um país que não quer se desenvolver. Investir em pesquisa significa investir no desenvolvimento deste país, mas não se quer porque a pesquisa, a ciência, a educação é cultura. A cultura é poder e não se quer um povo emponderado neste país. Então hoje nós não apenas estamos sendo desrespeitados como disse o Pontes, mas aqui há um verdadeiro projeto de destruição da universidade pública, da ciência e da tecnologia”.

Para mostrar como o corte no orçamento, se aprovado, ferirá de morte a ciência, tecnologia e inovação brasileira, estudantes, professores, técnicos e profissionais da educação realizaram um Flash Mob chamado “tiro na ciência”. Segurando placas com textos: “Para eu me formar, a CAPES tem que pagar a bolsa”, #SOSCiência, “PIBID e RP ficam, Bolsonaro sai”, “CAPES, pague as bolsas”, “Eu defendo a educação básica”, entre outras, às 14h, ao som de um tiro, os participantes da performance jogaram-se no chão, caindo como mortos. Mortos pela incompetência de um governo que menospreza a ciência e a educação e que também não investe na formação de jovens pesquisadores e pesquisadoras.