Atividades presenciais nas Universidades e os riscos da retomada e seus desafios
APUBH UFMG+ integrou o Seminário “Retorno Presencial: Seus Desafios, Perspectivas e Possibilidades”, promovido pelo DCE-UFV. Assista, na íntegra, ao vídeo do debate.
O início da retomada das atividades presenciais, em diferentes universidades do país, acende a discussão sobre os seus possíveis impactos e se, de fato, este seria o momento oportuno para tomar essa medida. Essas questões foram colocadas em debate no Seminário “Retorno Presencial: Seus Desafios, Perspectivas e Possibilidades”, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Viçosa (DCE-UFV), entre os dias 10 e 12 de setembro. A atividade online foi transmitida, através do canal do DCE-UFV no Youtube.
O APUBH UFMG+ integrou o Seminário, sendo representado pela professora Maria Rosaria Barbato, presidente do sindicato e Coordenadora Executiva Nacional e do Núcleo Local da ABJD. A professora compôs a Mesa Redonda “Infraestrutura e logística da Universidade diante de um retorno presencial”, que foi ao ar na tarde do sábado passado (11/09). Em sua fala, a professora Maria Rosaria abordou a experiência da UFMG, em relação às possibilidades e ao planejamento do retorno presencial, por meio da implementação do Ensino Híbrido Emergencial (EHE). A presidente do Sindicato também analisou o cenário atual e as possíveis implicações da adoção dessa modalidade de ensino nesse contexto.
A live também contou com a participação do professor José Bernardes, da Universidade de Coimbra. Em vídeo transmitido na live, o docente relata a experiência das aulas por meio remoto, na instituição portuguesa. O estudante Caio de Oliveira, tesoureiro do DCE-UFV, foi o mediador da conversa. Assista ao debate na íntegra: https://youtu.be/Ut3FtOGGSik
A presidenta do APUBH UFMG+ comentou a vontade da categoria docente de retorno às aulas presenciais, pois “para nós professores, a sala de aula é o nosso lócus, o lócus do debate”. Porém ela refletiu que retomar as atividades, neste momento, implicaria em aceitar os riscos a que a comunidade acadêmica estará exposta. “Precisamos fazer um debate coletivo sobre todas as ponderações que são necessárias para garantir, realmente, a saúde e a segurança dos professores, dos técnico-administrativos, dos terceirizados e dos estudantes”, definiu a professora, completando ainda que: “nós temos que fazer o oposto do que vem fazendo o Governo Bolsonaro: defender a vida, em primeiro lugar”.
A professora acredita que, em meio ao aumento da flexibilização das medidas de prevenção e da diminuição nos casos de contágio e na ocupação dos leitos de UTI, podemos estar sentindo uma falsa sensação de segurança. Contudo, recorrendo aos alertas feitos por cientistas, ela apontou que é preocupante o aumento do número de contágios pelas variantes do vírus, que trazem novas preocupações para o controle da pandemia. Outro ponto levantado por ela é que a vacinação da população segue em ritmo lento, em decorrência do negacionismo do governo e sua necropolítica.
Sobre as questões logísticas para garantir um retorno seguro às atividades na Universidade, ela pontuou a dificuldade de que os requisitos possam ser atendidos, tais como garantir a circulação de ar nas salas e o distanciamento físico entre as pessoas. Ainda de acordo com ela, é preciso estar atento à possibilidade de aglomeração em espaços comuns, como os refeitórios, e também no ambiente externo, como é o caso do transporte coletivo, principal meio de locomoção dos estudantes.
A professora lembrou que a própria UFMG reconheceu a dificuldade de fornecer equipamentos de proteção individual (EPIs), que garantam a biossegurança de quem voltar a freqüentar o espaço físico da universidade. Para a professora, essa situação evidencia um problema enfrentado no setor da Educação Pública no país, especialmente universidades e institutos federais de ensino: a contínua diminuição nos investimentos. As conseqüências do desinvestimento já podem ser observadas nas instituições de Ensino Superior, no custeio de procedimentos quotidianos de manutenção. E no caso do retorno das atividades presenciais, ainda que parcial, isso acarreta na falta de condições materiais para receber a comunidade acadêmica, como na implementação e fiscalização dos protocolos de segurança sanitária.
A redução nos orçamentos destas instituições teve início antes da pandemia, mas tem sido agravado nesse período. A professora alertou que, “apenas este ano, o MEC sofreu um corte R$ 1,51 bilhão em sua receita anual”. “A UFMG tem, hoje, os mesmos recursos de 2008, quando tínhamos 20 mil alunos, e, hoje, nós temos, 44 mil alunos. É muito importante, portanto, lutar pela recomposição de nosso orçamento”, concluiu a presidenta do Sindicato.