8 de Março: Dia de Luta das Mulheres
No dia 8 de março se comemora, internacionalmente, o Dia das Mulheres. É um dia marcado pela rememoração das lutas históricas femininas, contra o patriarcado e contra o machismo, que conseguiram inúmeras vitórias para as mulheres, como o direito à cidadania, ao voto, as leis de proteção contra violência de gênero, dentre várias outras.
A questão que se coloca nos dias de hoje é a seguinte: seria este o momento de baixarmos as bandeiras de lutas das mulheres? Vejamos.
Em âmbito internacional, como explicado no informativo de 19 de fevereiro, o relatório da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe, CEPAL, demonstrou que os efeitos da pandemia da Covid-19 na região foram ainda piores para as mulheres, pelo fato de que elas são maioria nas profissões de maior precarização e risco de destruição de empregos. Além disso, ela tem tido grande impacto sobre profissões feminizadas, que estão sob a crescente precarização das condições de trabalho no cenário atual, tais como as profissões das áreas de saúde e de educação.
Dados nacionais mostram que os problemas inerentes à pandemia também afetaram ainda mais as mulheres. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no terceiro trimestre de 2020, um total de 8,5 milhões de mulheres deixaram seu emprego, formal ou informal. Os novos dados mostraram que mais da metade da população feminina acima de 14 anos está desempregada.
Além de lidar com o desemprego, as mulheres estão lidando com o fim do auxílio emergencial, que, se voltar a ser concedido, será em valor abaixo da metade do inicial. As mulheres também são as principais beneficiárias do bolsa família, que está com o valor e abrangência defasados. De acordo com pesquisa realizada pela agência Gênero e Número, 40% das mulheres brasileiras viram o sustento familiar ser ameaçado durante a pandemia, com a perda do emprego e a alta do preço dos alimentos. Entre as mulheres negras, o índice é ainda pior, chegando a 55%. Dentre as mulheres desempregadas, as negras representam 58%.
Durante a pandemia, também foi constatado aumento significativo nos casos de violência contra a mulher. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostraram que, apenas no Estado de São Paulo, os casos de feminicídio aumentaram em mais de 40% nos dois primeiros meses de pandemia.
Todos estes dados mostram que, no mundo do trabalho, na questão do provento da família ou na violência, os problemas das mulheres, inerentes à sociedade em que vivemos, não passaram, muito pelo contrário, se aprofundaram sob a situação de crise. Por isso, este 8 de março deve ser marcado, sim, pela rememoração dos direitos conquistados pelas mulheres, mas também pela conscientização do longo caminho que ainda deve ser percorrido. Por um 8 de março de luta!
APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022