28º Grito dos Excluídos
Desde 1995, todos os dias 7 de setembro ganharam uma conotação diferente da tradicional. O dia, em que se celebra a independência do Brasil, passou a significar também o dia em que são realizadas as manifestações do Grito dos Excluídos, para escancarar a realidade que existe no país: embora o Brasil tenha se tornado politicamente “independente”, a maior parte da população continua à margem da sociedade, sendo vilipendiada pelas classes dominantes e excluída de qualquer aspecto de um Estado de bem-estar social.
Há 28 anos, o início da palavra de ordem é sempre o mesmo, “Vida em Primeiro Lugar”, mudando o que vem depois dos dois pontos. Em 2022, o mote das manifestações será “Brasil: 200 Anos de (In)dependência. Para quem?”. De fato, neste ano, as comemorações da “independência” estão ainda mais fortes do que o comum, com um projeto de governo que tende a promover desfiles militares maiores, promessas de manifestações bolsonarista “patriotas” e até mesmo a vinda para o Brasil de um órgão humano embalsamado, com todas as pompas e gastos do recebimento de um líder de Estado, atitude no mínimo questionável, senão macabra. Este último fator, aliás, representa bem o reacionarismo inerente ao governo Bolsonaro, ao utilizar o coração, fora do corpo, de um monarca como símbolo, que representa bem a volta ao passado, o que está sendo colocado em prática por este desgoverno.
A realidade escancara os retrocessos. O Brasil foi o único país do mundo a voltar ao estágio de estar no mapa da fome, segundo a FAO, sem ter passado por uma guerra. O desemprego permanece próximo aos 10% da população ativa, a informalidade é a tônica nas relações de trabalho, a inflação torna insustentável o custo de vida. O desmonte do investimento em áreas básicas como saúde e educação, representa um projeto de sucateamento dos serviços públicos que se justifica, como projeto permanente do governo Bolsonaro, para sua posterior privatização.
Em Belo Horizonte, o Grito dos Excluídos terá concentração na Praça Vaz de Melo, entre 9h e 10h, localizada no encontro da Avenida Antônio Carlos com Rua Além Paraíba, embaixo do viaduto da passarela da Lagoinha. Os manifestantes irão caminhar até a rua Pedro Lessa, 435, sede da Ocupação Pátria Livre. Haverá almoço a preços populares e apresentações culturais no local.
Nós, do APUBHUFMG+, nos somaremos mais uma vez ao ato, em conjunto com entidades sindicais, movimentos estudantis e sociais e partidos políticos. Nosso grito é pela (re)existência da Universidade Pública e a Educação Pública de qualidade científica e socialmente referenciada e por um país democrático e livre do obscurantismo, do fisiologismo, da fome, da violência, da misoginia, do fascismo. Mais do que nunca, é importante a denúncia da exclusão social promovida pelas elites brasileiras e presentes desde o momento em que este território se tornou um Estado-nação. Afinal, estamos vivendo um governo que nos deu um passaporte para o passado colonialista e retrógrado. Precisamos lutar para manter os direitos que ainda nos restam e reconquistar aqueles que nos foram tomados. Por um Brasil independente, soberano, inclusivo, para todes, soma-se ao nosso sindicato. Nos vemos nas ruas!
APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022