1º de maio: dia de reafirmar as esperanças e a luta da classe trabalhadora
No ano passado, a população brasileira rejeitou, nas urnas, o projeto neoliberal do bolsonarismo. A vontade soberana do povo escolheu frear a contínua retirada das conquistas históricas da classe trabalhadora, que se estendia desde o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. E não era para menos. A volta do Brasil ao mapa da fome, níveis recordes de desemprego, o sucateamento dos serviços públicos prestados à população e os juros nas alturas demonstraram, na prática, a falência desse projeto.
Apesar dessa conquista, contudo, o autoritarismo ainda não foi completamente extirpado de nosso país. Assim, desde o ano passado, apoiadores extremistas do bolsonarismo, inconformados com o resultado das eleições presidenciais de 2022, perpetraram uma escalada de ações abertamente antidemocráticas e criminosas. E o golpismo viria a culminar, uma semana após a posse do novo governo eleito, nos atentados terroristas na capital do Brasil, quando foram invadidas e depredadas as sedes dos três poderes da República – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, ainda pesam sobre o país as medidas neoliberais implementadas nos últimos anos, como o Teto de Gastos (EC 95/2016), a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) e a Reforma da Previdência (EC 103/2019). Afinal, o governo ilegítimo de Michel Temer abriu as portas para uma política econômica contrária aos interesses da população e a situação se tornou insustentável, com a subida do bolsonarismo ao poder.
E não para por aí. O grupo, hoje, à frente do Banco Central ainda dispõe da “autonomia”, adquirida por meio de lei no governo Bolsonaro. A medida desvinculou as decisões do BC, órgão estratégico para a política monetária do país, das políticas de governo. Assim, apesar do neoliberalismo ter sido rechaçado nas urnas, o órgão continua fiel aos mesmos interesses, ainda que em desacordo com o projeto do governo eleito.
A dita “autonomia” serviu, apenas, para deixar o Banco Central a serviço do “Mercado”. Basta observar a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a SELIC, em 13,75% ao ano. A taxa elevada freia a retomada do crescimento econômico do país, causando falta de investimento internacional, e prejuízos para a indústria nacional. Enquanto isso, além das perdas indiretas, a população também lida com o encarecimento do crédito, o que se reflete na diminuição da sua possibilidade de consumo.
No entanto, as mudanças começaram a ocorrer no país. Após seis anos, o governo federal recompôs a Mesa Permanente de Negociação com o funcionalismo público. Embora a conquista de um reajuste linear de 9% para a categoria ainda esteja aquém de repor as perdas acumuladas ao longo desses anos, a abertura de diálogo demonstra uma postura diferente do atual governo em relação ao seu antecessor, que se propunha a “colocar uma granada no bolso” dos servidores.
Esse cenário demonstra o que já esperávamos: o processo de reconstrução democrática do país não é uma tarefa simples. Por isso mesmo, é sempre preciso reforçar que, assim como em todas as conquistas da classe trabalhadora, apenas a nossa capacidade de mobilização e luta coletiva consegue assegurar a aquisição, manutenção e ampliação de direitos trabalhistas e sociais.
Nesse cenário, o Dia das Trabalhadoras e dos Trabalhadores terá um valor simbólico ainda maior para o Brasil. É preciso que ocupemos todos os espaços que nos forem possíveis, para construir coletivamente a luta da classe trabalhadora. A nossa esperança está, justamente, na nossa capacidade de construir, coletivamente, a mobilização.
O APUBHUFMG+ convoca a todas as pessoas trabalhadoras a se somarem ao Ato do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Neste ano, o 1º de maio contará com atos públicos em todo país, convocados de maneira unificada pelas Centrais e com ampla adesão dos movimentos sindicais e populares, tendo com o tema: “Emprego, Direitos, Renda e Democracia”. Aqui em Belo Horizonte, a concentração será realizada na Praça da Assembleia, a partir das 9h.
Nos vemos nas ruas! Lutar sempre!