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Manifesto do APUBHUFMG+ pela soberania do Brasil

O Grito dos Excluídos, manifestação que acontece em todo o Brasil, desde 1994, no dia 7 de setembro, nos lembra, a cada ano, que nossa independência política e econômica é um processo em curso, ainda por se completar. Nos tempos de colônia, nossa economia foi moldada para propiciar a acumulação de capital em Portugal. Na transição da sociedade agrária-escravista para a sociedade capitalista no Brasil, entre o final do século XIX e o início do século XX, nós nos tornamos um país capitalista periférico com uma economia voltada para a exportação de produtos primários. A partir da década de 1930, vivenciamos um processo de industrialização que, todavia, foi interrompido com a ascensão do neoliberalismo e do processo de globalização e financeirização da economia mundial, a partir da década de 1980. A história do Brasil é, portanto, a história de um país sem soberania e submetido aos interesses de potências estrangeiras. Inicialmente estivemos sob o domínio de Portugal, depois submetidos aos interesses da Inglaterra e, por fim, fomos enquadrados pelo imperialismo norte-americano orientado pela Doutrina Monroe, que considera toda a América Latina como um “quintal” dos EUA.

Podemos afirmar, portanto, que a luta por um Brasil verdadeiramente soberano marca toda a nossa história. É a partir dessa constatação que podemos situar a importância da manifestação popular desse dia 1º de agosto de 2025. Por meio dessa manifestação repudiamos a interferência norte-americana nas instituições da nossa república, já que os EUA estabeleceram tarifas abusivas a produtos exportados pelo Brasil e sanções inaceitáveis contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, que é responsável por conduzir o julgamento de um grupo liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar promover um golpe de estado. O ataque do líder fascista Donald Trump à nossa soberania foi tramado com a família Bolsonaro que, finalmente, se apresenta diante de todo o Brasil como os traidores da pátria que sempre foram. 

Os  bolsonaristas atentam contra a soberania brasileira não somente tramando e apoiando o imperialismo dos Estados Unidos, mas também estiveram unidos ao bloco parlamentar conhecido como Centrão na aprovação de outro ataque ao futuro da nossa nação, ataque esse que ficou conhecido como PL da Devastação. Trata-se de uma lei que retira toda e qualquer forma de controle do Estado brasileiro sobre a atuação predatória do agronegócio e da mineração em nosso país. O PL da Devastação foi aprovado com a participação destacada do PL bolsonarista e dos parlamentares do Centrão que têm se mostrado, reiteradamente, como inimigos do povo brasileiro.

Apoiar a reação do governo Lula aos ataques de Donald Trump à soberania do Brasil é também uma oportunidade de exigir do executivo a apresentação de um programa emergencial, bem como de um programa estratégico para construirmos um país soberano. Sabemos que os traidores do povo organizados na extrema-direita e no Centrão se erguerão contra qualquer projeto de país soberano, mas cabe a nós, parcela organizada e consciente do povo brasileiro, irmos às ruas denunciar as atitudes parlamentares contrárias à soberania do nosso país. Em primeiro lugar, um projeto soberano para o Brasil passa por grandes investimentos em ciência, tecnologia e cultura, que depende de recursos do Estado brasileiro hoje interditados pela cartilha neoliberal e neo colonizadora da austeridade fiscal. É esse projeto e esses investimentos que dão sentido à universidade pública, inclusiva, socialmente referenciada e de qualidade. Em um país sem soberania e submisso aos interesses do capitalismo imperialista norte-americano, a universidade pública fica condenada ao subfinanciamento que hoje nos limita e nos asfixia! 

Em segundo lugar, um projeto soberano para o Brasil passa hoje pelo fortalecimento do BRICS e pelo aprofundamento de relações econômicas multilaterais com o sul global. Por fim, a luta pela soberania e pelo futuro de nosso país, na conjuntura atual, passa por reivindicar e apoiar o veto presidencial ao PL da Devastação, que é uma condição essencial para protegermos nossos biomas e as comunidades ribeirinhas, tradicionais, indígenas e quilombolas, contra o lucro devastador orientado por uma exploração insustentável dos nossos recursos agrominerais. Nossa elite econômica não tem qualquer compromisso com a soberania de nosso país e sempre atuou de forma antinacional, antidemocrática e antipopular, em uma relação de vassalagem com o imperialismo estrangeiro. 

A diretoria do APUBHUFMG+ apoia e participa dessa luta e, por isso, convoca a comunidade universitária e todo o povo de Belo Horizonte a ocupar a Praça Sete, neste 1º de agosto, a partir das 17h. Por um Brasil soberano e pelo veto integral ao PL da Devastação: participe!