X Semana de Saúde Mental da UFMG: NADi-APUBH UFMG+ colocou em debate a burocracia no trabalho na Universidade
“O cuidado em saúde mental como direito à cidadania” foi o tema da “Semana de Saúde Mental e Inclusão Social da UFMG”, que neste ano chega à sua décima edição. O evento é promovido pela Rede de Saúde Mental da UFMG, ligada à Universidade dos Direitos Humanos (UDH) da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX). A Semana aconteceu entre os dias 16 a 20 de maio. A programação contou com atividades gratuitas, em ambientes virtual e presencial. Assim como nas edições anteriores, o APUBHUFMG+ participou, ativamente, da X Semana de Saúde Mental da UFMG. Na manhã do último dia da Semana, o sindicato propôs, por meio do Núcleo de Acolhimento e Diálogo do APUBH (NADi-APUBH), o debate “A burocracia afeta sua rotina de trabalho na Universidade?”. Realizado no CAD2/Humanidades, a atividade presencial teve a presença de docentes, estudantes e de integrantes da diretoria do sindicato e da PROEX/UFMG.
O APUBH UFMG+ está atento à saúde da categoria docente, que está intimamente relacionada às condições de trabalho das professoras e dos professores. O Sindicato, por meio do NADi, tem se colocado a escutar, dialogar e convidar a categoria a refletir sobre esses temas. Entre tantos conteúdos relacionados às condições laborais dos docentes, a burocracia aparece como um tema relevante, na medida em que o excesso de atividades burocráticas implica em redução de sentido e prazer no trabalho. É preciso considerar que a burocracia tem caráter organizativo, atuando como importante balizador das atividades, no entanto, a sobrecarga gerada pelo seu excesso implica em um risco para a saúde, especialmente para a saúde mental.
Antes da realização do debate de hoje, esse tema já foi colocado em roda de conversa online, promovida pelo NADi, bem como foi fonte de pesquisa do sindicato com a categoria. Docentes apontam como atividades burocráticas, tais como o preenchimento de inúmeros formulários nas diversas plataformas e sistemas, gestão de e-mails, gestão de bens patrimoniais, atividades administrativas, atividades de recursos humanos, entre várias outras, afetam negativamente sua saúde mental, levando à perda de sentido e frustração no trabalho. Essas atividades aparecem como inerentes ao fazer docente, mas deve ser assim? Que impactos isso traz? Considerando a presença cotidiana das atividades burocráticas no fazer laboral de docentes, o APUBH propôs levar o tema no formato de uma roda de conversa na X Semana de Saúde Mental e Inclusão Social da UFMG, que visa justamente democratizar e ampliar o debate de questões relativas à saúde mental da e na comunidade acadêmica.
No debate, levantou-se que os processos na Universidade têm se burocratizado ano a ano, e a cada brecha ou falha em qualquer um deles acaba por gerar mais burocracia, com criação, por exemplo, de mais mecanismos de controle, com mais formulários a serem preenchidos. Em outras palavras, as regras prosseguem sendo criadas, em uma espécie de círculo vicioso, em que os envolvidos são, cada vez mais, sobrecarregados com o aumento da burocracia. Além disso, há a questão da normalização do sofrimento causado pelo excesso dos processos burocráticos. Na verdade, dado o sofrimento gerado, esta deveria ser uma realidade discutida por toda a comunidade acadêmica, uma vez que a burocracia perpassa toda Universidade.
O engessamento burocrático, atrelado e endossado pelos sistemas de avaliação rígidos, que impõe altas cobranças entre docentes é fator limitante, tanto da autonomia de professores e professoras, quando do processo criativo dentro dos programas de graduação e pós graduação. São tantas normas, tantos controles, tantos formulários repetitivos, tantas plataformas e tantos prazos a serem cumpridos que os sentidos das atividades fim do(a) professor(a) acabam por se esvair nesse excesso.
A discussão da roda de conversa – ampliada pelos debates anteriores e estudos promovidos, aliado à pesquisa com a categoria – reforça que a burocracia no trabalho na Universidade trata-se de uma pauta coletiva. Por isso mesmo, o sindicato, cumprindo seu papel de instância de mobilização, possui interesse de atuar e intervir sobre este tema. Assim, o APUBHUFMG+ considera fundamental discutir essas questões com toda a categoria, assim como com a comunidade acadêmica em geral. Como já destacado, a burocracia exerce papel organizativo importante, no entanto, é preciso sempre problematizar e compreender os impactos de seu excesso no trabalho e na vida de docentes, uma vez que os sentidos do trabalho, dentre eles, o prazer e a autonomia, precisam ser preservados e a Universidade Pública, com seu importante papel social, deve ser protagonista nesta defesa.
SAIBA MAIS | O impacto das atividades burocráticas sobre o trabalho docente na universidade – Texto produzido pelo NADi APUBH e pela Equipe de Comunicação do Sindicato: https://bit.ly/3sPEXo5