Nota: Atos Pró-Impeachment e Fora governo Bolsonaro-Mourão
No último dia 23 de janeiro, ocorreram atos em todo território nacional pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro e de seu vice, Hamilton Mourão. Além de reivindicar o fim do governo Bolsonaro, outros motes centrais das mobilizações foram a exigência da vacinação contra o vírus do Covid-19 para todas e todos e a luta pela ampliação do isolamento social, em favor da vida. Em Belo Horizonte, foram milhares de carros (segundo estimativa da PM, 15 mil), que conclamavam o “Fora Bolsonaro” e acusavam, corretamente, o presidente de genocida.
Não faltam motivações para a insatisfação social com o poder executivo. Em primeiro lugar, citamos a própria falta de gestão eficiente (do ponto de vista da população) da pandemia. Negacionista, o presidente Bolsonaro, por inúmeras vezes, concedeu declarações em que menosprezava o Covid-19, afirmou que “pessoas iriam morrer mesmo”, prescreveu medicamentos ineficazes para combater a doença e que não possuem nenhum respaldo científico e incentivou o não uso de máscaras pelos brasileiros e brasileiras. Além disso, portou-se contra o único meio cientificamente comprovado de combate a pandemia, que é a vacinação em massa da população. Mais do que isso, mesmo medidas paliativas foram jogadas às traças pelo governo Bolsonaro. Mesmo tendo recebido o aviso do colapso do sistema público e privado de saúde, em Manaus, dez dias antes dele acontecer, o Ministério da Saúde permitiu que inúmeras pessoas morressem simplesmente por não ter oxigênio para respirar.
Vivemos uma verdadeira catástrofe humanitária. São mais de 218 mil mortes por Covid-19 no Brasil. São quase 9 milhões de infectados. Para os que continuam vivos e saudáveis, há de se lidar com um cenário em que 14 milhões de pessoas estão desempregadas e mais de 30 milhões de trabalhadores vivem na informalidade, sem nenhuma garantia trabalhista, de acordo com o IBGE. O meio-ambiente também sofre nas mãos do governo Bolsonaro. Em 2020, o Brasil registrou o maior número de queimadas da década, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram 222.798 focos de incêndio. Vazamentos de óleo nas praias brasileiras foram constantes, sendo que o caso mais significativo foi quando as praias do Nordeste foram tomadas por cinco mil toneladas de óleo em 2019.
A família Bolsonaro ainda é acusada de, por inúmeras vezes, de censura. Como exemplo, citamos que, em setembro do ano passado, com respaldo judicial, o Senador Flávio Bolsonaro, filho primogênito do presidente, impediu a Rede Globo de exibir trechos e peças de uma série de reportagens relativas à investigação dos casos de “rachadinhas” promovidos pelo gabinete do Senador. A corrupção, aliás, é outra mazela do governo, que foi eleito justamente sob um falso discurso de “combater os corruptos”. Além do caso citado, esta semana saiu um levantamento feito pelo portal Metrópoles, em que se demonstra que o governo gastou, nas tradicionais “compras de mercado”, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos, a se destacar gastos como R$ 21,4 milhões de reais em iogurte natural e outros R$ 15,5 milhões de reais, em leite condensado. Isso em um momento em que o governo justifica cortes em educação e saúde por crise financeira, além de ter cortado o auxílio emergencial, que foi a única fonte de renda para 25 milhões de brasileiros no ano de 2020. É imperativo que esses gastos sejam investigados.
Especificamente para nossa categoria, o governo Bolsonaro tem significado subsequentes perdas e cortes. Foram vários os cortes de investimentos na educação e na pesquisa. Houve ataques à nossa carreira, como no recente caso da portaria 983/2020 do MEC, que tende a inviabilizar as atividades de pesquisa, extensão e gestão para os professores do Ensino Básico Técnico e Tecnológico. A autonomia universitária vem sendo repetidamente violada. Foram dezenas os casos em que o Governo Federal não respeitou os nomes mais votados pelas listas tríplices em eleição de reitores, escolhendo candidatos menos votados, mas que estão alinhados com seu espectro ideológico.
Por tudo isso, nós, do APUBHUFMG+, conclamamos nossos filiados e filiadas, assim como toda a comunidade UFMG, a participar dos necessários e próximos atos de insurgência nacional contra o Estado de Crime representado pelo governo Bolsonaro. Estamos resistindo, mesmo isolados na Pandemia, que no caso brasileiro é usada para a produção do horror, do caos, da morte e da fome aos milhares. Estamos mais conscientes da conjuntura histórica perpetrada e, da mesma maneira, da nossa força-potência enquanto movimento coletivo.
No próximo domingo (31/01/21), na Rua Sapucaí/Bairro Floresta, o APUBHUFMG+ estará se somando a outros sindicatos, entidades e movimentos sociais e populares de Belo Horizonte, para construir, conjuntamente, um grande abraço coletivo (automotivo), em mais um dia de luta contra o governo Bolsonaro e seu projeto neoliberal de morte e fome contra os brasileiros e brasileiras. É um domingo de luta para defender a Universidade Pública e combater a inaceitável Reforma Administrativa. O que está em jogo é nossa carreira, a defesa da ciência contra o negacionismo, a defesa das universidades públicas, gratuitas e de qualidade. O que está em jogo, verdadeiramente, é a defesa das nossas vidas e do nosso devir.
Saúde, confiança e luta!
Fora Bolsonaro-Fora Mourão!