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Mulheres e meninas na Ciência: os desafios para ingressar e permanecer na carreira

11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

No próximo domingo, dia 11 de fevereiro, celebraremos o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Estabelecida pela ONU em 2015, a data chama a atenção para a maneira como a desigualdade de gênero dificulta a entrada e a permanência de mulheres nos espaços da ciência, da pesquisa e da educação. E diante da disparidade social entre homens e mulheres que ainda persiste na sociedade, o debate sobre a baixa percentagem feminina na área continua sendo muito relevante.

Inclusive, a pesquisa sobre a realidade enfrentada por mulheres no mercado de trabalho rendeu Prêmio Nobel de Economia de 2023 para a professora Claudia Goldin, da Universidade Harvard. Em seus estudos, a pesquisadora demonstrou como decisões, tomadas por mulheres ainda na juventude, têm reflexos para a disparidade salarial e a falta de oportunidades enfrentadas por elas mais tarde em suas carreiras. Claudia Godin contribui para o entendimento de que no passado histórico, a diferença na remuneração entre homens e mulheres estava frequentemente atrelada às diferenças de escolaridade. Para a pesquisadora, à medida que mulheres, em algumas sociedades, notadamente a estadunidense, ultrapassam os homens em termos de qualificações, a diferença na remuneração entre homens e mulheres de mesma profissão, passou a vincular-se a maternidade.

APUBHUFMG+ na luta pelo fim da discriminação de gênero, pela equidade de oportunidades e contra o sexismo e o machismo!

E embora a pesquisa diga respeito a outro país, no caso dos Estados Unidos da América, não é difícil perceber como essa situação também ocorre no ambiente d pesquisa científica brasileira. Basta lembrar da recente polêmica em um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que expôs a misoginia na carreira científica. A professora e pesquisadora Maria Caramez Carlotto, da Universidade Federal do ABC (UFABC), expôs a violência de gênero que sofreu no processo de avaliação para a concessão de bolsa de produtividade (PQ) do órgão.

De acordo com ela, o parecer em que foi negado o seu pedido reconheceu a sua carreira, porém ressaltou o fato dela não ter realizado pós-doutorado no exterior. E além desse requisito não ser previsto no edital, ainda por cima o parecer aponta que “provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas”.

As consequências da sociedade colonial-patriarcal também estão presentes na produção de conhecimento acadêmico ou científico.

Como não poderia ser diferente, esse caso causou revolta a comunidade científica do país. Além disso, acendeu o debate sobre a misoginia presente nas carreiras científicas. As mulheres representam apenas 35,6% do total de bolsistas do CNPq, como mostram os números levantados pelo projeto Parent in Science. Além do que, ainda segundo a pesquisa, elas são a minoria em todas as modalidades de bolsa.

Por tudo isso, fica evidente como as consequências da sociedade colonial-patriarcal também estão presentes na produção de conhecimento acadêmico ou científico. Assim, é preciso que toda a sociedade esteja engajada na luta pelo fim da discriminação de gênero, pela equidade  de oportunidades e contra o sexismo e o machismo!

 

Com informações da Forbes Brasil.