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Para dirigentes, cultura e ciência andam juntas nas universidades mineiras

Fonte: UFMG.

Avanços da gestão cultural foram apresentados em mesa virtual do Dia da Ciência

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Fernando Mencarelli, da UFMG: saberes tradicionais | Raphaella Dias / UFMG.

“Explicar a relação entre ciência e cultura requer conceber a ciência como algo que se amplia no horizonte de uma pluralidade de saberes. Conhecimentos tradicionais como os dos indígenas e quilombolas, que nos obrigam a uma revisão epistemológica e ontológica, hoje estão amplamente presentes nas universidades”, analisou o diretor de Ação Cultural da UFMG, Fernando Mencarelli, em mesa virtual realizada na tarde desta quarta-feira, dia 8, no âmbito da programação do Dia da Ciência. O evento foi transmitido no YouTube, pelo canal da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Minas Gerais, onde está disponível na íntegra.

A inclusão dos saberes tradicionais no currículo dos estudantes de graduação, segundo Mencarelli, foi resultado de muitos anos de pesquisa e mobilizou o esforço de um grande número de professores e estudantes. “Foi uma grande conquista”, definiu.

Para o professor, a UFMG e outras universidades brasileiras têm avançado na área cultural, apesar do “atual momento desfavorável”. “Esses avanços são frutos de medidas que vinham sendo implementadas em anos anteriores, como a elaboração de políticas culturais e de planos de cultura, e a definição da inserção institucional dos setores culturais nas estruturas das universidades”, explicou.

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Luciane Monteiro, da UFJF: acesso universal | Raphaella Dias / UFMG.

Valorização e visibilidade
A cultura vem ocupando, cada vez mais, um lugar central nas instituições de ensino superior. Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por exemplo, a gestão na área é, desde 2006, exercida por uma pró-reitoria específica, a Procult. De acordo com a professora Luciane Monteiro, vinculada à Procult, sua proposta é promover, de forma universal, o acesso aos meios de criação, de difusão e fruição dos bens culturais da UFJF.

“As práticas culturais são de fundamental importância na formação dos sujeitos, tanto no âmbito da criação, pesquisa e produção, quanto na apreciação e usufruto”, explicou a professora. Em seu entendimento, essa política leva à formação de um público propenso a valorizar a classe artística e a preservar os bens patrimoniais e culturais da cidade.

Luciane encerrou seu pronunciamento citando o filósofo francês Gaston Bachelard –segundo ele, “o impulso imaginativo é tão necessário quanto qualquer desejo pelo conhecimento objetivo”. “Não tem como separar cultura e ciência, elas caminham juntas”, definiu a professora.

 

 

 

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Francisco Brinati, da UFSJ: cultura produzida nos campi movimenta cidades de médio porte | Raphaella Dias / UFMG.

Espaço de troca
O pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Francisco Brinati, lembrou que, em cidades de médio porte, as universidades têm papel especialmente importante na promoção de troca de conhecimento pela via das práticas culturais. Em São João del-Rei, a principal iniciativa nesse campo é o Inverno Cultural, que anualmente reúne os projetos de extensão universitários e promove shows e oficinas em bairros periféricos.

A inauguração dos cursos de música, teatro e artes aplicadas, segundo o professor, também representou passo importante para o estabelecimento da cultura como agente transformador na instituição. “Esses cursos movimentam a universidade, com docentes, técnicos e alunos atuantes em numerosos e qualificados projetos. A instituição tenta, constantemente, fomentar essa produção”, afirmou.

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Alexandre Molina, da UFU: cultura é eixo transversal | Raphaella Dias / UFMG.

Desenvolvimento regional
A política cultural da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi institucionalizada em 2010 por meio de resolução de seu conselho superior. “A cultura na UFU é um eixo que atravessa as três dimensões que constituem a universidade: o ensino, a pesquisa e a extensão”, informou o diretor de Cultura, Alexandre Molina.

Segundo o professor, a cultura, na instituição, é impulsionada, especialmente, pelo Instituto de Artes, que congrega os cursos de artes visuais, dança, música e teatro. “Não é comum que haja nas universidades públicas do interior a congregação dessas quatro linguagens artísticas como espaço de formação e desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa. Uma série de estudos indica que essa estratégia tem contribuído para o desenvolvimento cultural na região do Triângulo Mineiro”, disse.