Ato/Live em apoio à greve dos trabalhadores em Educação da Rede Municipal de BH
A manifestação online, promovida pelo Comando de Greve do Sind-REDE/BH, contou com a participação do APUBH UFMG+. O Sindicato alertou para os riscos de uma retoma da precipitada do ensino presencial.
Centrais sindicais, sindicatos, entidades estudantis, movimentos populares e parlamentares se manifestaram, na noite de 04 de maio, em apoio à greve sanitária dos trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Belo Horizonte. O Ato/Live foi transmitido ao vivo pelo Sindicato dos trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH), por meio do Youtube e do Facebook.
“A Greve é pela vida!” é o lema da greve, deflagrada em 26 de abril. A categoria se opõe à decisão da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte de retomar às atividades presenciais nas Escolas de Educação Infantil da capital, no pior momento da pandemia. “O apelo que nós fazemos, sempre, é que a comunidade escolar nos procure e não enviem as crianças, neste momento tão difícil que a cidade está passando, com taxas de mais de 80% de ocupação de UTI”, definiu Evangely Rodrigues, que integra o Comando de Greve e o Departamento de Formação Pedagógica e Sindical do Sind-REDE/BH.
De acordo com ela, o movimento grevista tem como exigências, neste período de pandemia, a manutenção do teletrabalho, o pagamento integral dos salários dos trabalhadores e a garantia de segurança sanitária. A diretora sindical reforça que, para que as escolas sejam reabertas na capital, é necessário que toda a população seja imunizada e essa decisão seja tomada em conjunto com os trabalhadores. “É direito nosso lutar pela vida, não apenas pela vida do trabalhador da Educação, mas pela vida e pela saúde de toda a população de Belo Horizonte”, ponderou Evangely Rodrigues.
APUBH UFMG+ presta solidariedade à luta do Sind-REDE/BH
“Venho, em nome do APUBH, prestar nossa solidariedade ao Sind-REDE e às trabalhadoras e aos trabalhadores que este sindicato representa. A volta presencial das atividades no ensino infantil neste momento, proposta pela prefeitura de Belo Horizonte, significa o desrespeito à situação de calamidade sanitária que estamos vivendo e expor, sem necessidades, profissionais da educação, estudantes e comunidade escolar como um todo ao risco de contaminação”, definiu a presidenta do APUBH UFMG+, professora Maria Rosaria Barbato, em sua fala no Ato/Live. Além da presença nesta manifestação online, o sindicato já havia participado, no dia 23 de abril, do Ato Público da categoria, realizado em frente à sede da prefeitura, e publicado uma Moção de Apoio à greve, no dia 28 de abril.
A presidenta do APUBH UFMG+ definiu como “extremamente infeliz” a fala do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, ao afirmar que a greve seria “egoísta”. De acordo com o prefeito, a greve não se justificaria, pois os trabalhadores mantêm contato com profissionais de outras áreas, como supermercados, farmácias e transporte público, que também ainda não foram vacinados. “Viemos aqui manifestar nossa solidariedade, afirmar que esta greve nada tem de egoísta. Ao contrário, é um ato de defesa da vida de todos. A nossa luta deve ser para um lockdown efetivo, com auxílio emergencial digno, e pela ampla vacinação da população. Só assim conseguiremos sair deste cenário de calamidade que o negacionismo e a necropolítica de governantes, principalmente do governo federal, nos impôs”, explicou a presidenta do sindicato.
Os riscos do retorno às atividades presenciais
A professora Maria Rosaria recorreu à experiência do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), para demonstrar os efeitos danosos de uma retoma precipitada do ensino presencial. O sindicato divulga, em seu site, atualizações diárias sobre o número de profissionais da educação e estudantes que foram acometidos pela doença. Os dados apontam que, após a imposição da retomada de atividades e aulas presenciais, em 26 de janeiro deste ano, foram registrados 2.416 casos de infecção e 84 óbitos por Covid-19, em 1101 escolas.
“Estes números que, por si só, já são absurdos, não levam em consideração as infecções e mortes por contatos cruzados proporcionados por estudantes e profissionais da educação que porventura tenham se infectado”, observou a docente. Nesse sentido, a professora citou a simulação feita por pesquisadores da UFMG, no mês de abril, que demonstrou que, em média, um estudante ou professor infectado, em uma sala de 20 alunos, tem o potencial de transmitir a doença para 60 pessoas, em 15 dias.