Acontece no APUBH

Programa do NADi/APUBH discutiu o trabalho docente no ERE com base na Lei Orgânica da Saúde

O Programa do Núcleo de Acolhimento e Diálogo foi ao ar, no dia 26/10, no Canal do APUBH UFMG+ no Youtube.

No dia 26/10, a psicóloga social Laís Di Bella Castro Rabelo, responsável pelo NADi/APUBH, conversou com a professora Daniela Muradas, da Faculdade de Direito da UFMG.

A professora da Faculdade de Direito da UFMG, doutora e especialista em direito do trabalho, Daniela Muradasfoi a convidada desta semana do Programa do Núcleo de Acolhimento e Diálogo (NADi) do APUBH. Na entrevista, transmitida nesta segunda-feira (26/10), foi discutida a Saúde de professoras e professores no Ensino Remoto Emergencial (ERE), com base na Lei Orgânica da Saúde. A conversa foi conduzida por Laís Di Bella Castro Rabelo, psicóloga social especializada na área de saúde no trabalho e responsável pelo NADi/APUBH.

Assista à entrevista na íntegra:https://youtu.be/bN081gs8YF4

A professora Daniela Muradas explicou que a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90), “estabelece a definição de Saúde, não só como a ausência de aflições, mas no estabelecimento de um conjunto de fatores que propiciem o bem-estar da pessoa”. Assim, ainda segundo a docente, além da prevenção de aflições, a Saúde deve tratar de condições de pleno desenvolvimento das relações sociais e pessoais, bem como de recursos e equipamentos, nos casos profissionais.

A docente acredita que o caso do Ensino Remoto Emergencial (ERE), adotado como uma das medidas sanitárias para o controle epidemiológico da pandemia da Covid-19, lança luz sobre as condições de saúde e trabalho docente. Ela apontou que o ERE causou o “deslocamento do local de prestação de serviço para o ambiente residencial do docente, que, portanto, tem que adaptar o seu local de trabalho a essa necessidade de controle epidemiológico. Ou seja, o espaço de trabalho invade o espaço de privacidade da pessoa humana trabalhadora”.

A professora Daniela aponta que essa situação causou problemas como, por exemplo, o fato de ter sido transferido para o docente a responsabilidade sobre equipamentos e mobiliários adequados para desenvolver a sua função. Além disso, a especialista apontou que as condições de bem-estar no desenvolvimento das atividades docentes foram impactadas pela ausência de uma preparação adequada, quanto aos métodos e processos de trabalho. Outro fator levantado por ela foi a alteração nas bases tecnológicas utilizadas no ensino remoto, a partir de decisões tomadas unilateralmente pela universidade. Esse processo na UFMG, na avaliação dela, “esvaziou o papel do docente, impactando não só na sua condição de professor atuante no ensino, como, em particular, criando uma perda de sentido através daquele trabalho da educação”.

Daniela Muradas: “Essas condições combinadas acabam gerando a quebra do bem-estar e, portanto, uma quebra daquilo que a legislação brasileira entende como Saúde”.

Para a professora Daniela, as condições de trabalho no ERE podem gerar fatores estressores no desenvolvimento das atividades. Tais fatores, ainda de acordo com ela, colaboram para a expansão de alguns desequilíbrios, propiciando o desenvolvimento de psicopatologias, ansiedade, depressão, entre outras condições reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Portanto, todas essas condições combinadas acabam gerando a quebra do bem-estar e, portanto, uma quebra daquilo que a legislação brasileira entende como Saúde, que não é só a prevenção da aflição, mas também o desenvolvimento em condições de bem-estar das atividades – e, no nosso caso, das atividades laborativas docentes”,definiu.

“Esse é o momento em que a nossa categoria tem que aproveitar para estudar a importância da sociabilidade dos marcos educacionais, a importância da construção de condições adequadas para o desenvolvimento das atividades não-presenciais – e, eventualmente, presenciais, quando forem possíveis e seguras”, pontuou. Ela também aponta que é preciso “pensar, de modo mais aprofundado, no que tem sido transformado o sistema educacional”. “Nós somos simples transmissores de conhecimento? Ou nós propiciaremos a construção do educando como o centro da nossa atenção, como aquele que nos ajuda a construir, para a sociedade e para o bem comum, novos conhecimentos”, refletiu.

Núcleo de Acolhimento e Diálogo do APUBH em tempos de ensino remoto emergencial convida

Semanalmente, o Programa do NADi/APUBH recebe especialistas da UFMG para conversar sobre a saúde da mente e do corpo da comunidade acadêmica, durante o período de ensino remoto emergencial. A série de vídeos conta com um formato dinâmico, com duração média de 30 minutos. Acompanhe as transmissões ao vivo, às segundas-feiras, às 12h, através do canal do sindicato no Youtube: https://tinyurl.com/canaldoapubh

O APUBH UFMG+ está aberto à categoria para a construção de saídas coletivas. Contribua,compartilhando a sua experiência! Preencha o questionário sobre o trabalho docente no ERE, disponível no hotsite do Núcleo de Acolhimento e Diálogo (NADi/APUBH): https://apubh.org.br/acolhimento/

As denúncias e queixas também podem ser encaminhadas diretamente através do nosso e-mail acolhimento@apubh.org.brou telefone/Whatsapp: 31 99949-9135